Ofensiva dos
EUA na invasão da Baía dos Porcos
Por Tales
Pinto
O episódio da
invasão da Baía dos Porcos por tropas treinadas pela CIA deteriorou as relações
com Cuba, além de ter sido um fracasso militar dos EUA.
A invasão da
Baía dos Porcos foi um dos eventos da Revolução Cubana que intensificaram a
hostilidade entre EUA e o novo governo da ilha caribenha. A invasão da ilha
cubana por tropas comandadas pelo governo dos EUA foi uma tentativa de
desestabilizar o regime recém-instaurado por Fidel Castro, tentando garantir os
interesses financeiros dos estadunidenses na ilha.
Em janeiro de
1959, os revolucionários cubanos puseram fim à ditadura de Fulgêncio Batista,
governo que era apoiado pelos EUA, dando início a um regime de caráter
nacionalista e anti-imperialista. Essa orientação política e econômica resultou
na tomada de terras de proprietários estadunidenses na ilha e na animosidade
diplomática entre os dois países. O governo de Fidel Castro havia expropriado
terras e empresas de investidores dos EUA, com o objetivo de orientar a
utilização desses meios de produção em um sentido que beneficiasse o interesse
do novo Estado e da população cubana. No âmbito político, os revoltosos cubanos
ensaiavam uma aproximação com a URSS.
Frente a essas
situações, o presidente dos EUA, John F. Kennedy, adotou um plano de
desestabilização do regime criado pela Central Intelligence Agency (CIA) no
governo de seu antecessor Dwight David Eisenhower. O plano consistia na invasão
da ilha por tropas de mercenários e também de dissidentes cubanos que haviam
emigrado para Miami após a queda de Batista.
Porém, a
tentativa foi frustrada. Uma tentativa inicial de ataque aconteceu em 15 de
abril de 1961, com dois aviões camuflados com as cores da bandeira cubana,
bombardeando a força aérea de Fidel. Esse ataque não conseguiu êxito, sendo que
um avião foi derrubado e um segundo voltou a Miami com vários tiros feitos
pelas forças de defesa cubana.
A segunda ação
ocorreu no dia 17 de abril de 1961 com a invasão de duas praias da Baía dos
Porcos, Playa Larga e Girón. As tropas especiais formadas pelo governo dos EUA,
treinadas desde os últimos meses do governo de Eisenhower e compostas por mais
de mil combatentes, foram contidas pelas tropas cubanas em menos de 72 horas de
combate. Cerca de 20 mil cubanos cercaram os invasores, após algumas perdas,
infligindo um grande revés ao presidente Kennedy, que havia autorizado o
ataque.
O evento criou
as condições para a definitiva aproximação entre Cuba e a URSS, que iria
perdurar por trinta anos. Os cubanos passaram a adotar o modelo soviético de
organização socioeconômica, baseado na propriedade estatal dos meios de
produção e na dominação política pelo Partido Comunista Cubano. A relação entre
EUA e Cuba iria se deteriorar mais ainda no ano seguinte, quando os soviéticos
encaminharam à ilha alguns mísseis capazes de transportar ogivas nucleares, no
evento conhecido como Crise dos Mísseis. Em meio a essa situação, Cuba foi
expulsa da Organização dos Estados Americanos (OEA), sendo que o governo dos
EUA iniciou um embargo econômico à ilha, vigente até o início da segunda década
do século XXI.
* Crédito da
Imagem: acervo.oglobo.globo.com
*Tales Pinto - Graduado em História
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