Fim das doações de empresas é principal ponto, dizem Rosseto e Carvalho.
Presidente quer aprovar por plebiscito, que só Congresso pode convocar.
Apelidada pela própria presidente durante a campanha eleitoral como “a mãe de todas as reformas”, a reforma política que, reeleita, Dilma Rousseff quer aprovar no Congresso tem como ponto-chave o fim do financiamento empresarial de campanha, relataram ao G1 o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) e o ministro licenciado Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário).
Desde que lançou os chamados "pactos" nacionais, após as manifestações de rua de junho, a presidente Dilma Rousseff defende a convocação de um plebiscito para orientar a elaboração pelo Congresso Nacional da lei da reforma política. No domingo, ao proferir o discurso da vitória, depois de reeleita, a presidente afirmou que pretende discutir "profundamente" a reforma política com o Congresso e a população.
PONTOS QUE DILMA DEFENDE PARA A REFORMA POLÍTICA
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Fim do financiamento empresarial das campanhas. Somente seriam permitidas doações privadas de pessoas físicas.
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Fim das coligações proporcionais, aquelas em que partidos se unem em um único bloco para somar os votos dados a cada legenda. Os eleitos são os mais votados na coligação, independentemente do partido, de acordo com o número de vagas a que a coligação tiver direito. Esse sistema permite que um candidato que receba muitos votos (o chamado "puxador de votos") ajude a eleger outros candidatos que, individualmente, não teriam votos suficientes para se eleger.
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Voto em lista em dois turnos: o eleitor vota primeiro na lista de candidatos elaborada pelo partido e depois, individualmente, em um dos candidatos dessa lista.
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Mesmo número de homens e mulheres nas listas partidárias
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Fonte: ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência)
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A convocação de um plebiscito (ou de um referendo) é prerrogativa do Congresso. A diferença entre as duas modalidades é a seguinte:
Plebiscito – Os eleitores são consultados sobre cada um dos pontos do tema que é objeto do plebiscito (no caso, a reforma política). Eles responderão sim ou não a uma série de perguntas e, com base no resultado da consulta, os parlamentares elaboram a lei.
Referendo – O Congresso discute, vota e aprova uma lei, e os eleitores são convocados depois para dizer se são a favor ou contra o conjunto da legislação que o Congresso elaborou.
Embora Dilma se diga favorável ao plebiscito, o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL) se manifestou nesta segunda-feira (27) a favor do referendo.
Responsável pela interlocução do governo com os movimentos sociais, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, afirmou que, além do plebiscito, os principais pontos defendidos pela presidente para a reforma política são: fim do financiamento empresarial; voto em lista em dois turnos (primeiro, o eleitor vota numa lista de candidatos apresentada pelos partidos e depois, em um candidato especificamente); paridade entre homens e mulheres nas listas partidárias; e fim das coligações proporcionais (aquelas em que vários partidos se aliam para eleger candidatos ao Legislativo) –saiba mais na tabela ao lado.
“Eu acho que para aprovar os pontos que o governo defende, a presidente poderá conseguir isso de várias maneiras, como aproximação com o Congresso Nacional e por meio de uma forte mobilização social. Sem mobilização, e em função dos vários interesses que existem, nós não conseguiremos aprovar os pontos defendidos na reforma política”, disse Carvalho.
Doações de empresas
Coordenador da campanha de Dilma à reeleição, o ministro licenciado Miguel Rossetto conviveu diariamente com a presidente ao longo dos últimos meses. Segundo ele, o fim das doações de empresas é o principal ponto das propostas da presidente.
Atualmente, empresas podem fazer doação para candidatos. Pela proposta de Dilma, somente seriam autorizadas doações privadas de pessoas físicas. O Supremo Tribunal Federal (STF) começou a julgar em março uma ação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) contra o financiamento de empresas para campanhas. O julgamento foi interrompido porque o ministro Gilmar Mendes pediu vista (mais tempo para analisar o processo) e não tem data para ser retomado. A maioria dos ministros (seis dos 11) já votou pelo fim das doações de empresas; um votou pela manutenção. Faltam os votos de outros quatro.
Conselheiro político da presidente, Rossetto afirma que o financiamento atual se transformou em um "estimulador" da corrupção.
“O tema mais importante da reforma política é o tema do fim do financiamento empresarial eleitoral das campanhas. A sociedade brasileira não suporta mais como o financiamento empresarial constrói campanhas absolutamente caras e excludentes, porque hoje só concorrem aquelas campanhas que têm acesso a esses recursos. Infelizmente, a prática brasileira mostrou que esse padrão de financiamento se constitui num grande instrumento estimulador da corrupção”, disse.
O ministro defende que o governo federal se aproxime do Congresso Nacional para discutir os chamados “pontos centrais” da reforma política. “A presidente vai conversar com as lideranças do Congresso, da sociedade e dos movimentos organizados e nós temos de acompanhar a manifestação do STF sobre o financiamento. Tudo isso fará parte de um processo”, completou.
‘Mãe de todas as reformas’
No discurso após a confirmação de que disputaria o segundo turno da eleição presidencial com Aécio Neves, Dilma afirmou que vai fazer "de tudo" para conseguir aprovar no Congresso a reforma política, "a mãe de todas as reformas".
"Meu governo tem um fundamento moral baseado em dois valores: igualdade de oportunidades que garante a evolução da nossa sociedade e combate sem tréguas, duro, duríssimo, à corrupção. E a absoluta certeza que nos precisamos fazer a reforma política, a mãe de todas as reformas."
No discurso deste domingo (26), após a confirmação de que foi reeleita para governar o país por mais quatro anos, Dilma voltou a falar sobre o assunto e disse que pretende efetivar grandes projetos e a prioridade será a reforma política. “Entre as reformas, a primeira e mais importante é a reforma política. Quero discutir esse tema profundamente com o Congresso e a população ”, disse.
Programa de governo
No programa de governo entregue ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) à época do registro da candidatura, a campanha de Dilma afirmou que a reforma política é “urgente e necessária” para resolver as distorções do atual sistema representativo. No documento, diz também que é imprescindível a participação popular por meio de um plebiscito.
O programa afirma ainda que as questões relativas à reforma política estão aliadas ao combate “sem tréguas” à corrupção e deve fazer parte da urgente transformação do sistema político e eleitoral brasileiro.
“Sem dúvida, melhorar a representatividade política, aprimorar o sistema eleitoral, tornar a política mais transparente são as respostas mais evidentes que podemos dar a essa questão. Precisamos oxigenar o nosso sistema eleitoral, definindo regras claras de financiamento”, diz o programa de Dilma.
Do G1
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