O
ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem (6) que a equipe econômica teve
de “fazer ginástica” nas contas públicas para cumprir as metas fiscais em 2012.
Ele negou, no entanto, que as operações feitas na época para alcançar a meta de
superávit primário – economia para pagar os juros da dívida pública – sejam
exemplo de contabilidade criativa e ressaltou que governos anteriores também
“forçaram a mão” nas contas públicas.
No
fim de 2012, o governo usou R$ 12 bilhões do Fundo Soberano – poupança formada
com o superávit primário excedente em 2008 – e R$ 7 bilhões de dividendos de
estatais para reforçar o caixa do governo e economizar o estipulado pela Lei de
Diretrizes Orçamentárias. O ministro, porém, destacou que, em nenhum momento, o
governo descumpriu a legislação.
“O
orçamento nunca foi tão transparente e fiscalizado. O TCU [Tribunal de Contas
da União] e a CGU [Controladoria-Geral da União], que são instituições
rigorosíssimas, não apontaram irregularidades”, comentou o ministro em
entrevista ao Programa Espaço Público, da TV Brasil. Mantega
assegurou que, desde o ano passado, a equipe econômica mudou de postura e
passou a ser mais transparente na administração das contas públicas.
Segundo
Mantega, as operações foram necessárias porque a arrecadação desacelerou em
2012 por causa da crise econômica e das desonerações de tributos. “Em 2012,
tivemos de fazer um grande esforço para cumpria a meta fiscal. A economia
cresceu pouco, a arrecadação também. Para fazer o esforço fiscal, tivemos de
cortar gastos e fazer ginástica. Tivemos de pegar o Fundo Soberano e forçamos a
barra nesse sentido”, declarou.
De
acordo com o ministro, a tática de “forçar a barra” nas contas públicas foi
usada por outros ministros da Fazenda, como Delfim Netto, atualmente um dos
maiores críticos às manobras fiscais da equipe econômica. Segundo ele, mesmo
governos recentes usaram artifícios para atingir as metas fiscais.
Perguntado
pelo economista Paulo Francini, da Federação das Indústrias do Estado de São
Paulo, sobre qual decisão não repetiria hoje, o ministro disse que poderia ter
estimulado mais a indústria, que desde 2012 atravessa uma fase de baixo
crescimento. “Não sei se estimulamos adequadamente a indústria”, declarou.
Mantega, no entanto, ponderou que uma desvalorização mais forte do real para
aumentar as exportações de manufaturados aumentaria a inflação e poderia fazer
o esforço cair por terra.
O
ministro respondeu ainda a perguntas de dois sindicalistas. O presidente da
Central dos Sindicatos Brasileiros, Antonio Neto, reivindicou a correção plena
da tabela do Imposto de Renda. Mantega disse que, desde 2011, a tabela é
corrigida anualmente. Ele destacou ainda outras medidas, como as reduções de
impostos sobre os investimentos, a ampliação do limite do Simples Nacional e a
desoneração da cesta básica.
O
presidente da Central Única dos Trabalhadores, Vagner Freitas de Moraes,
perguntou se o governo acabaria com o superávit primário para aumentar os
investimentos, principalmente em prefeituras. O ministro respondeu que o fim do
esforço fiscal está fora de cogitação. “Isso não tem a ver com ideologia. Se as
contas públicas se esfacelarem, os juros começam a subir. A situação torna-se
irreversível. Mostramos que é possível conciliar política fiscal sólida e
políticas econômicas e sociais de desenvolvimento”, argumentou.
Comandado
pelo jornalista Paulo Moreira Leite, o Espaço Público estreou nessa
terça-feira na TV Brasil. Com uma hora e meia de duração, linguagem
jornalística e pautas relevantes, o programa semanal vai receber personalidades
das áreas de economia, política, cultura, saúde, segurança, tecnologia,
comportamento e cotidiano, para discutir temas que afetam a vida da maioria da
população.
Voltado
para o cidadão, o programa pretende convidar os telespectadores a participar
ativamente dos debates. O Espaço Público apresenta novas formas de
interação para que o espectador demande, critique, sugira e participe. O
programa levará ao ar ainda reportagens especiais e mostrará opiniões de
especialistas para aprofundar a discussão dos grandes temas da atualidade.
Com
mais de 40 anos de jornalismo, o apresentador Paulo Moreira Leite foi repórter
do Jornal da Tarde e da Folha de S.Paulo e correspondente
internacional da revista Veja e do jornal Gazeta Mercantil.
Atualmente, é diretor da sucursal de Brasília da revista Isto É. O Espaço
Público tem também como entrevistador o jornalista da Empresa Brasil
de Comunicação Florestan Fernandes. Na estreia, o programa contou com a
participação da jornalista Leandra Peres, do jornal Valor Econômico.
Wellton
Máximo – Repórter da Agência Brasil Edição: Graça Adjuto
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