Comandado pelo jornalista
Paulo Moreira Leite, o programa Espaço Público, da TV Brasil, teve
como primeiroconvidado o ministro da Fazenda, Guido Mantega -
Marcello
Casal Jr/Agência Brasil
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Os
choques de preços nas commodities – bens agrícolas e minerais com
cotação internacional – e a desvalorização do real impediram a queda da
inflação para o centro da meta, de 4,5%, nos últimos anos, disse ontem (6) o
ministro da Fazenda, Guido Mantega. Em entrevista ao programa Espaço
Público, da TV Brasil, ele admitiu contratempos em relação à trajetória
dos índices de preços, mas reafirmou o compromisso com o controle da inflação e
a autonomia do Banco Central (BC).
“Eu
também gostaria de trabalhar com uma meta menor de inflação, mas vamos ser
realistas. Nos últimos anos, temos tido pressões inflacionárias. Se, daqui para
a frente, não houver mais desvalorização do real, teremos pressão inflacionária
menor. Aí, poderemos tomar a tarefa de desindexação da economia”, declarou o
ministro.
Segundo
Mantega, nos últimos três anos, o planeta enfrentou choques nos preços dascommodities provocados
por secas nos Estados Unidos, na China e na Índia. Além disso, o real se
desvalorizou 35% nos últimos dois anos.
Em
resposta à pergunta da diarista Maria do Socorro Santos, que reclamou da alta
nos preços dos alimentos nos últimos meses, o ministro se disse otimista em
relação à inflação desses produtos. De acordo com Mantega, os preços dos
alimentos cairão nos próximos meses até atingirem um “patamar mais tranquilo”
em junho. Ele também citou o aumento da renda da população para tranquilizar a
diarista.
“Em
alguns anos, a inflação aumenta mais e aumenta menos. Mas certamente o
trabalhador ganha mais do que há oito, dez anos. Os salários das diaristas
estão num nível maior por causa do programa de desenvolvimento que
implementamos no país, que criou empregos e elevou o padrão de vida”, declarou.
Perguntado
pela repórter Leandra Peres, do jornal Valor Econômico, sobre possíveis
interferências políticas no Banco Central, o ministro assegurou o compromisso
do governo com a autonomia da autoridade monetária. “Uma autonomia do Banco
Central é importante para que ele possa fazer as maldades necessárias em
momentos de inflação mais alta, sem interferência”, afirmou. Segundo Mantega, o
fato de o Banco Central ter aumentado a taxa Selic (juros básicos da economia)
em 3,75 pontos percentuais em ano eleitoral mostra o empenho no controle da
inflação.
Apesar
dos aumentos de juros, o ministro garantiu que o desemprego continuará baixo e
que o impacto da política monetária sobre a produção é temporário. “Temos
apoiado o Banco Central na condução da política econômica. Não podemos e não
estamos brincando com a inflação. A alta dos juros prejudica momentaneamente o
crescimento, mas, assim que a inflação cai, crescemos mais lá na frente”,
argumentou.
Em
resposta ao operário João Batista de Oliveira, que manifestou pessimismo em
relação às perspectivas de emprego na construção civil, Mantega disse que o
trabalhador será disputado nos próximos anos. Na avaliação do ministro, a
construção civil continuará aquecida por causa do programa de concessões de
projetos de infraestrutura, que movimentarão R$ 500 milhões nos próximos anos,
e do Programa Minha Casa, Minha Vida, que terá uma terceira fase anunciada em
breve pela presidenta Dilma Rousseff.
Comandado
pelo jornalista Paulo Moreira Leite, o Espaço Público estreou nesta
terça-feira na TV Brasil. Com uma hora e meia de duração, linguagem
jornalística e pautas relevantes, o programa semanal vai receber personalidades
das áreas de economia, política, cultura, saúde, segurança, tecnologia,
comportamento e cotidiano, para discutir temas que afetam a vida da maioria da
população.
Voltado
para o cidadão, o programa pretende convidar os telespectadores a participar
ativamente dos debates. O Espaço Público apresenta novas formas de
interação para que o espectador demande, critique, sugira e participe. O
programa levará ao ar ainda reportagens especiais e mostrará opiniões de
especialistas para aprofundar a discussão dos grandes temas da atualidade.
Com
mais de 40 anos de jornalismo, o apresentador, Paulo Moreira Leite, foi
repórter do Jornal da Tarde e da Folha de S.Paulo e correspondente
internacional da revista Veja e do jornal Gazeta Mercantil.
Atualmente, é diretor da sucursal de Brasília da revista Isto É. O Espaço
Público tem também como entrevistador o jornalista da Empresa Brasil
de Comunicação (EBC) Florestan Fernandes. Na estreia, o programa contou
com a participação da jornalista Leandra Peres, do jornal Valor Econômico.
Da
Agência Brasil Edição: Wellton Máximo
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