Jornal de
Otavio Frias questiona metas impostas pelo governo Dilma à estatal: “o
represamento dos preços de combustíveis obriga a Petrobras a vender diesel e
gasolina no mercado interno por menos do que paga na importação; Implementada
com o questionável propósito de combater a inflação por meio do congelamento
artificial de tarifas, a prática deixou perdas de R$ 7 bilhões no ano passado”
No editorial
desta quinta-feira, a Folha de S. Paulo questiona as metas do governo impostas
à Petrobras. Publicação de Otavio Frias sugere um aumento de preço do
combustível para equilibrar contas.
Leia a matéria
da Folha na íntegra: Petrobras
e prejuízos
“Se o governo
Dilma Rousseff insistir no caminho atual, afastará a estatal de seu objetivo e
provocará graves perdas à empresa e ao país”
Enquanto o
total de investidores na Bolsa brasileira aumentou 15% de 2008 a 2013, o número
de acionistas da Petrobras diminuiu 16% nesse mesmo período.
Como os papéis
da estatal caíram 20% somente neste ano e atingiram os menores valores desde
2005, o contraste não causa estranheza. Indica, isto sim, ser cada vez mais
disseminada a apreensão quanto ao futuro da petroleira.
Também pudera.
O governo estabelece para a empresa objetivos múltiplos que, ainda pior, são
incompatíveis entre si. O maior deles, do qual deveriam derivar as demais
decisões, é realizar, até 2018, um plano de investimentos de US$ 153,9 bilhões
(ou R$ 350 bilhões), com foco sobretudo no pré-sal.
Compromisso
dessa magnitude demanda forte geração de caixa e foco claro --duas necessidades
prejudicadas pelas seguidas interferências do governo federal.
Para começar,
o represamento dos preços de combustíveis obriga a Petrobras a vender diesel e
gasolina no mercado interno por menos do que paga na importação. Implementada
com o questionável propósito de combater a inflação por meio do congelamento
artificial de tarifas, a prática deixou perdas de R$ 7 bilhões no ano passado.
Outros dois
pontos críticos, que afetam a capacidade financeira e operacional da estatal,
são a exigência de conteúdo nacional na cadeia de suprimentos e a obrigação da
empresa de participar como operadora e com 30% dos investimentos em todos os
blocos de exploração do pré-sal.
Trata-se, no
primeiro caso, de compreensível estímulo à indústria local. Outros países
adotam iniciativas similares. É preciso, porém, encontrar um equilíbrio entre
aspectos positivos ligados ao fomento e negativos, como custos mais altos e
atrasos.
A segunda
determinação é injustificável. A Petrobras não pode nem precisa se envolver em
todos os blocos. O interesse nacional de produzir o máximo de petróleo no menor
tempo possível --e de coletar impostos e royalties-- será mais bem atendido se
houver outros participantes na empreitada.
Os resultados
da estatal decorrem da gestão temerária imposta pelo governo. A empresa não
consegue cumprir as metas de produção, diversas vezes revisadas para baixo nos
últimos anos. Do lucro de R$ 23,6 bilhões em 2013, cerca de três quartos vieram
de medidas não operacionais, como venda de ativos, mudanças em critérios contábeis
e ajustes tributários.
A
inconsistência aparece de forma clara no crescimento exponencial da dívida, que
atingiu R$ 221,6 bilhões --alta de 50% só no ano passado--, e na queda
vertiginosa das ações da petroleira, cotada a 60% de seu valor patrimonial.
Os números
permitem diagnóstico bastante claro. Se o governo Dilma Rousseff insistir no
caminho atual, não só afastará a Petrobras de seu objetivo central, como também
provocará graves prejuízos à empresa e ao país.
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