sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Déficit nas contas externas volta a bater recorde em janeiro

O déficit da balança comercial em janeiro fez o rombo das contas externas iniciar o ano com novo recorde. Segundo números divulgados há pouco pelo Banco Central, as contas externas encerraram o mês passado com resultado negativo de US$ 11,591 bilhões, alta de 2,1% em relação a janeiro do ano passado e o maior valor mensal da história.

No acumulado de 12 meses, o déficit das contas externas soma US$ 81,6 bilhões, equivalentes a 3,67% do Produto Interno Bruto (PIB), soma das riquezas produzidas no país. O número representa crescimento em relação a dezembro, quando o déficit acumulado em 2013 havia totalizado US$ 81,4 bilhões, 3,66% do PIB.

As contas externas representam o grau de vulnerabilidade do país a choques e crises internacionais. Com resultados negativos, o país depende do capital financeiro – investimentos de estrangeiros na bolsa de valores e em títulos públicos – e do investimento estrangeiro direto – multinacionais que iniciam ou ampliam atividade produtiva e geram empregos no Brasil – para sustentar as reservas internacionais, hoje em torno de US$ 375 bilhões.

Também chamadas de transações correntes, as contas externas são compostas pelo saldo da balança comercial (diferença entre exportações e importações de bens) e do balanço de serviços (diferença entre exportações e importações de serviços). O indicador inclui ainda a conta de rendas (remessas de lucros e o pagamento de juros para o exterior) e as transferências unilaterais (remessas de emigrantes para parentes no país e doações internacionais).

De acordo com o Banco Central, o principal motivo para o crescimento do rombo nas contas externas foi o déficit recorde de US$ 4,058 bilhões na balança comercial em janeiro, o pior resultado para um mês desde 1994. Tradicionalmente, o Brasil registra resultados negativos no balanço de serviços e na conta de rendas.

As reservas internacionais, que representam uma espécie de seguro para impedir a desvalorização do real, só não caíram no mês passado porque a conta financeira, que registra os investimentos estrangeiros diretos e as aplicações financeiras de estrangeiros no país, cobriu o rombo recorde nas transações correntes. Em janeiro, a conta financeira registrou ingresso líquido de US$ 14,070 bilhões. Desse total, US$ 5,098 bilhões correspondem à entrada de investimentos estrangeiros diretos no mês passado.

Apesar do rombo recorde em janeiro, o Banco Central projeta redução no déficit das contas externas neste ano. Segundo a autoridade monetária, as transações correntes deverão encerrar 2014 com resultado negativo de US$ 78 bilhões, contra US$ 81,4 bilhões registrados no ano passado. Em relação à balança comercial, o Banco Central prevê recuperação nos próximos meses e estima superávit de US$ 10 bilhões em 2014, contra superávit de US$ 2,5 bilhões observado em 2013.

Da Agência Brasil


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