O Conselho de
Ética da Câmara pode intimar o deputado Zé Geraldo (PT-PA) para que ele
explique o discurso que fez em plenário no último dia 5, quando falou sobre a
situação da médica cubana Ramona Rodriguez, que abandonou o Programa Mais
Médicos e pediu refúgio no Brasil.
Com uma nota
em mãos, enviada pelo Conselho Municipal de Saúde de Pacajá, no Pará, onde
Ramona atuava pelo programa brasileiro, o parlamentar reproduziu observações
feitas pelo presidente do órgão local. Autoridades de Pacajá relataram que
Ramona ingeria bebida alcoólica e tentou levar pessoas que conhecia na cidade
para o alojamento que dividia com outras duas médicas estrangeiras.
Zé Geraldo
também questionou a interferência política do DEM no caso. Ramona procurou a
ajuda jurídica do partido para tentar asilo no Brasil e obter indenização por
perdas trabalhistas. O líder do DEM, Mendonça Filho (PE), considerou a fala
ofensiva e encaminhou uma denúncia contra Zé Geraldo à Corregedoria Parlamentar
da Casa. A acusação ainda precisa ser analisada pelo presidente da Câmara,
Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).
Se Alves
considerar a acusação admissível, o deputado será notificado e terá cinco dias
para explicar suas declarações e, em 45 dias, a Corregedoria Parlamentar terá
que analisar os fatos. Dependendo do resultado, Zé Geraldo pode ser notificado
e terá que responder ao Conselho de Ética da Casa.
A médica, que
está hospedada em um apartamento da Câmara dos Deputados cedido para uso do
DEM, entrou com processo na Justiça do Pará, há uma semana, pedindo indenização de R$ 149 mil em direitos trabalhistas e
danos morais. As declarações de Zé Geraldo foram feitas um dia depois que Ramona Matos Rodriguez falou publicamente, pela primeira vez,
sobre a saída do Mais Médicos e o sentimento de ter sido enganada pelo
governo de Cuba.
Ramona saiu de
Pacajá no dia 1º de fevereiro e viajou para Brasília, onde dormiu na primeira
noite na sala da Liderança do DEM na Câmara, antes de ser acomodada no
apartamento funcional. Pelo contrato assinado por ela, a médica receberia no
Brasil um pagamento de US$ 400 (pouco mais de R$ 900) e outra parcela de US$
600 seria depositada em uma conta em Cuba. Segundo ela, outros médicos
estrangeiros relataram que estavam recebendo integralmente o valor de R$ 10 mil.
Representantes
do governo brasileiro explicaram que os médicos cubanos atuam no Brasil a
partir de acordo assinado com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), em
regime diferente dos que se inscreveram individualmente no Mais Médicos. Pelo
contrato com a Opas, o repasse dos valores pelo Ministério da Saúde é feito à
entidade, que repassa o dinheiro para o governo cubano.
Zé Geraldo
disse à Agência Brasil que a intenção não foi atacar a vida pessoal
de Ramona. “A única coisa que falei foi da embriaguez, mas citei muito mais o
embate político. Não tenho nada a ver com vida pessoal, mas com o envolvimento
do DEM neste caso”, criticou.
O parlamentar
admitiu que declarou em plenário que o DEM deveria “arrumar um emprego para
ela” em vez de criticar o programa. “A médica não está saindo de Pacajá porque
foi mal acolhida pelo programa, mas porque se incompatibilizou com as
autoridades e a população local”, explicou. Ele alegou ainda que está sendo
criticado “porque publicaram mais do que eu falei”.
Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua visita foi muito importante. Faça um comentário que terei prazaer em responde-lo!
Abração
Dag Vulpi