Onda de
violência leva sindicato dos ônibus a proibir o transporte entre as 18h e as
5h; caos teve início com a situação dos presídios, de onde os detentos
determinaram assaltos, saques e estupros, além de ataques aos coletivos;
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, já cobrou medidas concretas da
governadora Roseana Sarney, que tem até segunda-feira para apresentar respostas
diante da crise; menina de seis anos está internada em estado gravíssimo, com
90% do corpo queimado
Blog
Dag Vulpi - A
onda de violência em São Luís, que culminou com os ataques a quatro ônibus na
última sexta-feira, deixará a população sem transporte entre as 18h e as 5h. A
decisão foi tomada pelo Sindicato dos Trabalhadores do Transporte
Rodoviário do Estado do Maranhão, em reunião ocorrida neste sábado.
Os ataques aos
ônibus que foram incendiados deixaram uma criança de seis anos em estado
gravíssimo, com 90% do corpo queimado.
A crise é
reflexo do caos penitenciário no Maranhão. No presídio de Pedrinhas, dois
detentos foram assassinados em 2014 e 60 foram mortos no ano passado – alguns
chegaram a ser decapitados. Do presídio, os detentos ordenaram assaltos, saques
estupros e os ataque aos ônibus.
Diante da
crise, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deu prazo até
segunda-feira para que a governadora Roseana Sarney apresente medidas concretas
para conter a violência.
Leia, abaixo,
reportagem da Agência Brasil a respeito:
Governadora
tem até segunda para explicar violência nos presídios do Maranhão
Thais Araujo -
Repórter da Agência Brasil
Brasília - A
governadora do Maranhão, Roseana Sarney, tem até segunda-feira (6) para prestar
informações ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, sobre as
providências tomadas para evitar novas mortes no Complexo Penitenciário de
Pedrinhas, em São Luís.
Este
ano, dois
detentos morreram no interior do presídio. Um deles foi encontrado
morto em uma cela de triagem com sinais estrangulamento e o outro foi vítima de
golpes de uma arma artesanal com ponta de ferro aguda, semelhante a uma
lança (chuço), durante briga de integrantes de uma facção criminosa.
No ano
passado, 60 pessoas morreram no interior do presídio, segundo relatório do
Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O documento foi produzido com base em
inspeções no sistema prisional do Maranhão, em parceria com o Conselho Nacional
do Ministério Público (CNMP), presidido por Janot. O pedido de
informações foi encaminhado pelo procurador-geral no dia 19 de dezembro, após a
morte de cinco presos – três deles decapitados - em uma briga entre facções no
Centro de Detenção Provisória de Pedrinhas.
As respostas
da governadora poderão subsidiar um eventual pedido de intervenção federal no
estado devido à situação dos presídios. O possível pedido também levará em
conta o relatório do CNJ, que destaca a necessidade de se intensificar a
cobrança, para que as autoridades maranhenses cumpram as recomendações feitas
pelo próprio Conselho, pelo CNMP e pela Comissão Interamericana de Direitos
Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Em dezembro,
também em razão das mortes provocadas por brigas entre facções rivais em
Pedrinhas, a OEA pediu ao governo brasileiro a redução imediata da superlotação das
penitenciárias maranhenses e a investigação dos homicídios ocorridos.
Na noite de
ontem (3), foram registrados quatro atos de vandalismo envolvendo incêndio a
ônibus em São Luís. Na avaliação das autoridades, os ataques foram em reação às
medidas adotadas para combater a criminalidade nas unidades prisionais da
capital, que receberam reforço da
Polícia Militar no fim de dezembro. O governo maranhense informou que
identificou os mandantes e
os executores dos atos.
Em nota
divulgada em seu site, o governo reafirma que "não compactua com atos de
violência e que continua agindo em conjunto com todos os setores e órgãos que
atuam na defesa dos direitos humanos e daqueles que promovem a garantia da
justiça e segurança", e informa que a Polícia Militar está adotando
providências complementares nas unidades prisionais de São Luís, entre elas
"a ampliação da vigilância com videomonitoramento, a intensificação das
revistas nas celas e o aumento da fiscalização interna com o Batalhão de Choque
e da fiscalização externa com rondas".
Do Brasil 247
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