Presidenciável
mineiro vê circunstâncias da eleição presidencial de outubro mudarem
rapidamente; arranjo de chapa Eduardo Campos-Marina Silva, no PSB, mexe
fortemente no quadro eleitoral; ao correrem num puro sangue partidário,
socialistas têm pesquisas que mostram ultrapassagem espetacular sobre os
tucanos; Aécio Neves tem chance de reagir chamando ex-presidente Fernando
Henrique para cumprir papel de candidato a vice; chapa café com leite, com
mineiro e paulista juntos, causaria impacto nos dois maiores eleitorados do
País; de quebra, uniria o PSDB; por que não?
Blog Dag Vulpi – Uma
chapa café com leite, como era típico na Velha República, está se impondo ao
PSDB. Mineiro de quatro costados, o presidenciável Aécio Neves já percebeu que
as circunstâncias das eleições de 2014 estão mudando rapidamente, e que será
preciso acompanhar o ritmo para não ficar para trás. Um vice paulista é a
solução. Hoje, o nome, paradoxalmente, é do carioca Fernando Henrique Cardoso,
ex-presidente cuja carreira política foi toda ela desenvolvida em São Paulo.
O ímã que
desbalanceia a bússola política de Aécio está no arranjo ensaiado entre o
governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e a ex-senadora Marina Silva. Eles se
acertaram em torno de uma chapa puro sangue no PSB. A consolidação desse
movimento, a ser anunciado formalmente em fevereiro, atinge frontalmente a
estratégia do presidente tucano. Aécio precisa avaliar seriamente a ideia de
ter um paulista – e tucano - em sua companhia, para recuperar o terreno perdido
pela manobra em curso no campo de adversário mais amistoso (e perigoso) que ele
conheceu. FHC vem a calhar para combater o astuto Eduardo Campos.
Entre o staff
de Aécio, como apurou 247, o nome de Fernando Henrique não é apenas bem-vindo,
mas encarado como uma solução do tipo luva sob medida para desatar o nó do
presente momento.
Em primeiro
lugar, o anúncio de uma chapa Aécio-FHC dominaria as atenções da mídia e
poderia galvanizar o debate nos primeiros meses do ano. Além de ser uma simples
resposta à união no PSB, mostraria que também os tucanos têm sua própria
artilharia pesada. De quebra, acentuaria a polêmica com a principal adversária
da corrida eleitoral, a presidente Dilma Rousseff.
Com seu poder
de argumentação, ninguém melhor que FHC para defender sua própria gestão de
oito anos no Brasil. Já não há dúvida, neste sentido, de que tanto a
administração de Dilma, como também as de Lula e de FHC estarão em questão
neste ano. Talvez mais que apontar soluções para o futuro, como gostaria a
oposição, o grande debate em torno das eleições de outubro será a respeito do
que se fez até aqui, quem fez mais, quem fez menos, quem fez por quem ou deixou
de fazer.
Na Velha
República, as chapas café-com-leite funcionavam às mil maravilhas, tanto pela
força dos coronéis para marcarem votos à caneta, como pelo poderio econômico
dos dois Estados. Agora, por outro lado, uma aliança entre um senador de
carreira toda ela vitoriosa em Minas Gerais, maior produtor de café do país,
com um ente nacional de berço político paulista, Estado que se tornou o
principal produtor nacional de leite, juntaria bem mais que um simples
'pingado'. Nos dois Estados, afinal, se concentra praticamente a metade do
eleitorado do País.
Para o PSDB,
escolher um vice para Aécio saído das próprias fileiras tucanas em São Paulo
seria um bálsamo. Teria o poder, de saída, de aplacar a dissidência interna
promovida pelo ex-governador José Serra, que não para um minuto de disparar
farpas contra Aécio. Talvez com um único amigo na política dos dias de hoje –
FHC --, Serra estancaria suas críticas diante do constrangimento de desagradar
o velho parceiro, de quem foi ministro do Planejamento e da Saúde. A aliança,
ainda, tranquilizaria o governador Geraldo Alckmin, que veria reforçadas suas
chances de reeleição – e, assim, finalmente, poderia descer do muro em apoio a
Aécio.
Nos demais
Estados, os próprios tucanos reconhecem que, à exceção de poucos nomes, não tem
ninguém melhor para concorrer. Entre as alianças possíveis, todos os partidos
disponíveis parecem atraídos pela máquina do governo Dilma ou pelo poder de
atração da aventura Eduardo-Marina.
O movimento
natural das coisas pode levar o PSDB a encontrar no próprio PSDB a sua melhor
solução.
Do Brasil 247
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