Sob comando do
deputado, 11 propostas passaram no grupo; pastor acusa partidos de esquerda de
fugir do debate sobre iniciativas polêmicas como a ‘cura gay’
Sob comando do
deputado Marco Feliciano (PSC-SP), a Comissão de Direitos Humanos e Minorias
(CDHM) da Câmara destravou a pauta relacionada a temas de interesse da bancada
evangélica. Balanço da secretaria da comissão, feito a pedido do iG, mostra
que em relação a 2012 os números cresceram especialmente em projetos apreciados
– foram 28 propostas analisadas em 2013, contra 8 no ano anterior. Desses, 11
projetos foram aprovados. O volume de propostas aprovadas sobe para 24 quando
contabilizados projetos que foram apensados aos 11 textos originais. Todos os
projetos tramitam ainda em outras comissões da Câmara, onde precisam ser
validados para irem à votação no plenário. Em 2012, nenhum projeto havia sido
aprovado na CDHM.
O crescimento
foi dominado por projetos alinhados a temas defendidos pela bancada evangélica,
como a convocação de um plebiscito sobre união de pessoas do mesmo sexo e o cancelamento
de uma resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que obriga os
cartórios a registrarem o casamento gay.
Foi dado aval
também ao PL 1.411/2011, que descaracteriza como crime a recusa de templos
religiosos em “aceitar ou efetuar cerimônias ou pessoas em desacordo com suas
crenças e liturgias” – como diz o texto aprovado em outubro. O projeto é o
oposto do PLC 122/2006, que tramita no Senado e pretende colocar no mesmo
patamar do racismo a discriminação ou o preconceito pela orientação sexual e
identidade de gênero – a proposta enfrenta resistência da bancada evangélica,
que teme ter sua liberdade de pregação cerceada.
Marco
Feliciano defende os projetos. Ele afirma, em entrevista concedida ao iG em
11 de dezembro (veja abaixo), que as propostas já tramitavam e precisavam ser
pautadas. “As pessoas pensam que eu trouxe esses projetos, que eu os criei”,
diz. “Os projetos foram relatados e foram para o voto. Perderam ou ganharam os
que lá estavam”, avalia.
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A comissão
realizou uma audiência pública a mais que em 2012, encerrando 2013 como 25
debates sobre temas variados – incluindo assuntos importantes para os evangélicos.
Houve, por exemplo, um debate sobre a violação dos direitos humanos do
nascituro, quando foi avaliada a sugestão do ex-presidente da bancada
evangélica deputado João Campos (PSDB-GO) de criar uma CPI do Aborto. A série
de audiência de 2013 terminou com uma discussão pública sobre a criação do Dia
Nacional do Capelão Evangélico Civil e Militar, sugerida pela deputada Lílian
Sá (PROS-RJ) – a bancada evangélica defende uma maior inserção de pastores como
conselheiros religiosos nas Forças Armadas e nas polícias militares.
Feliciano
considera a concentração de temas evangélicos como resultado da saída de
parlamentares que deixaram suas vagas no grupo de trabalho, como o deputado
Jean Wyllys (PSOL-RJ). “O PT tinha seis vagas na comissão e saiu. Saíram também
outros dois ou três partidos que perfaziam nove deputados contrários. Com esses
nove deputados, teríamos um debate bonito sobre os projetos, teríamos o
contraditório, poderiam até vencer”, avalia.
Leia também: Feliciano
diz que vai escrever livro sobre lucro de ativistas gays
O pastor e
deputado considera que a comissão esteve sob o controle de partidos de
esquerda, que puxaram para lá propostas como o projeto que ficou conhecido como
“cura gay” para “matar” iniciativas dos evangélicos. “A comissão sempre esteve
nas mãos do PT e de partidos socialistas, como o PCdoB. Dentro da comissão
havia um ‘QG (quartel general) de inteligência’ e todos os projetos que
aprovavam a ideologia deles (partidos de esquerda) eram avocados para a
comissão. Quando eu cheguei, todos os projetos estavam lá e eu me surpreendi”,
diz.
Foram
aprovados também projetos menos polêmicos, como a reserva de 20% nas vagas de
concursos públicos federais para negros, cujo relator foi Feliciano. Ao longo
do ano, a comissão agendou 57 encontros, mas acabou cancelando nove dessas
reuniões – algumas por conta de manifestações contrárias a Feliciano, como a
sessão de 6 de março, a primeira do ano e na qual deveria ser escolhido o
presidente da CDHM, o que foi feito no dia seguinte.
A CDHM
produziu um relatório e destacou uma diligência para averiguar a contaminação
de trabalhadores mineiros por chumbo em Santo Amaro da Purificação (BA), cidade
de origem do cantor Caetano Veloso, que pediu para a comissão verificar o
caso. Depois de uma audiência pública sobre a contaminação, o Ministério da
Saúde decidiu criar um hospital na cidade baiana para tratar dos mineiros.
A comissão
aprovou também PL 6.418/2005, que define como crime “a discriminação no mercado
de trabalho, injúria resultante de preconceito, apologia ao racismo, atentado
contra a identidade étnica, religiosa ou regional e associação criminosa”. O
projeto foi apensado a outras 11 matérias, o que lhe rendeu metade da pauta
aprovada pela CDHM.
Já entre
quatro projetos rejeitados, esteve o que propunha classificar como dependentes
previdenciários os companheiros homossexuais de servidores e beneficiários
Instituto Nacional de Seguro Social (INSS).
Em número de
requerimentos sobre projetos, seminários, audiências, entre outros temas, a
comissão produziu menos que em anos anteriores. Foram apreciados 139
requerimentos em 2013, contra 195, em 2012.
Do portal IG
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