Do 247 Brasil
Ex-senadora
Marina Silva, que tentou criar um partido, a Rede, cujos líderes estiveram
diretamente envolvidos na organização de manifestações e até em depredações de
patrimônio público, como no caso do Itamaraty, exalta os protestos de junho e
pede mais em 2014; "voto nessa bela multidão que foi às ruas como
personalidade do ano de 2013 e desejo-lhe mais força e criatividade para
renovar a democracia no Brasil em 2014", diz ela.
A ex-senadora
Marina Silva quer multidões nas ruas em 2014. Em artigo publicado nesta
sexta-feira na Folha de S. Paulo, ela elege o manifestante como "a
personalidade do ano" de 2013 e pede mais protestos no ano que vem, que
será marcado pela Copa do Mundo e pelas eleições.
"Essa
nova militância, que chamo de ativismo autoral, pois não se submete a direções
partidárias ou sindicais, ONGs ou lideranças carismáticas, produz uma nova
agenda em que as prioridades não são manipuladas. Assim, no país do futebol,
tornou-se possível fazer da Copa das Confederações uma ocasião para reivindicar
mais saúde e educação", diz ela.
"Por essa
emergência que surpreendeu aos desatentos e, principalmente, por essa
permanência que se anuncia para o futuro, pela ruptura com os velhos falsos
consensos estabelecidos, pelo reencontro de uma utopia de justiça que parecia
esquecida, voto nessa bela multidão que foi às ruas como personalidade do ano
de 2013 e desejo-lhe mais força e criatividade para renovar a democracia no
Brasil em 2014", conclui.
Leia abaixo:
Personalidade
do ano
É comum, ao
final de cada ano, que os veículos de comunicação façam enquetes e consultas
para escolher --e, às vezes, premiar-- as personalidades que se destacaram e
influenciaram o rumo dos acontecimentos no país. Exponho aqui o meu voto e o
justifico.
Em 2013, o
Brasil se encontrou nas ruas. Este não é apenas o fato mais significativo do
ano, mas se estende ao futuro e influencia todas as expectativas para o próximo
ano.
Na verdade, as
jornadas de junho permanecem como uma presença extra, incômoda para muitos como
um fantasma na sala, gerando uma sensação de que os bastidores foram
devassados, de que não há mais possibilidade de "votos secretos", de
que o reino inteiro está nu.
Por mais que
os operadores do sistema político tentem restaurar a opacidade na vida
institucional, não conseguem escapar aos olhos de um novo sujeito político que,
de fora, abre as janelas. Ainda não chegaram a um termo na insistente tentativa
de controlar a internet, mas já criaram grandes dificuldades para o surgimento
de novos partidos e novas formas de representação política. Não adianta erguer
novos muros, todos serão ultrapassados ou derrubados.
Esse novo
sujeito, coletivo e difuso, que não obedece a um comando único e age a partir
de vários centros, ganhou diversos nomes: ruas, multidão, manifestantes são
alguns dos mais frequentes.
Antes de
entrar em cena, era o último, a saber, das coisas, a massa de manobra, a
maioria silenciosa, enfim, os que não viam, não ouviam e não falavam. Agora
tudo mudou. Esse novo protagonista torna à vida pública de fato pública e exige
que vigore efetivamente uma nova República.
Novos tempos e
espaços surgem e neles navegam milhares, talvez milhões de militantes de uma
política diferente, despreocupados em aparelhar esses espaços ou espichar seus
tempos, ou seja, sem a ansiedade tóxica das disputas por hegemonia e poder.
Essa nova
militância, que chamo de ativismo autoral, pois não se submete a direções
partidárias ou sindicais, ONGs ou lideranças carismáticas, produz uma nova
agenda em que as prioridades não são manipuladas. Assim, no país do futebol,
tornou-se possível fazer da Copa das Confederações uma ocasião para reivindicar
mais saúde e educação.
Por essa
emergência que surpreendeu aos desatentos e, principalmente, por essa
permanência que se anuncia para o futuro, pela ruptura com os velhos falsos
consensos estabelecidos, pelo reencontro de uma utopia de justiça que parecia
esquecida, voto nessa bela multidão que foi às ruas como personalidade do ano
de 2013 e desejo-lhe mais força e criatividade para renovar a democracia no
Brasil em 2014.
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