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Dag Vulpi –
Em tom de mea culpa, deputados da base aliada ao governo admitiram hoje
(18) que encerram as atividades legislativas de 2013, um ano marcado por
manifestações populares que tomaram as ruas em julho, com uma dívida com a
sociedade. O líder do PT na Câmara dos Deputados, José Guimarães (CE), admite
que há uma indisposição geral com o Parlamento apesar de ser este um dos locais
“onde mais se trabalha”.
Para ele, este
foi um ano de “alta produtividade no Legislativo”, com avanços significativos
em projetos nas áreas de saúde, educação e mobilidade. No entanto, reconheceu
Guimarães, o Congresso Nacional poderia ter avançado mais com a reforma
política. “Estamos devendo uma coisa em que não tivemos força e não conseguimos
avançar, que foi o pacto para a reforma política.”
Guimarães
disse que esta foi “a maior derrota do governo” nas negociações com o
Legislativo e que se sente frustrado. "O Congresso tem que tentar avançar
com as reformas política, eleitoral e tributária. A minirreforma que foi feita,
com os vetos, não serve para nada.”
No mesmo tom,
o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP) destacou que o
Parlamento não atendeu aos anseios da população. “No julgamento popular,
estamos em baixa. Os motivos enchem uma avenida”, afirmou.
Ao lembrar as
bandeiras defendidas pelos manifestantes nas ruas, Chinaglia ressaltou que a
presidenta Dilma Rousseff propôs imediatamente cinco pactos, “e vem amarrando
cada um deles”, como o da mobilidade urbana. Para Chinaglia, o relacionamento
entre a Presidência da República e o Congresso facilitou os avanços nesses
pontos, não foi o suficiente para garantir alterações nas regras políticas e
eleitorais.
“[A
presidenta] deu uma opinião e sinalizou que defendia plebiscito [para a reforma
política]. O que progrediu? Fora as assinaturas [para viabilizar o processo de
consulta], nada. Foi criada uma comissão que criou a minirreforma, e ela
[Dilma] vetou várias coisas”, lembrou o deputado.
Segundo ele,
muitos pontos sequer foram tratados durante o debate, como o tempo de propaganda
nas emissoras de televisão e de rádio e o financiamento de campanhas. “Esta é
uma pauta em aberto. A reforma não começa por causa da Ordem dos Advogados do
Brasil ou por decisões do Tribunal Superior Eleitoral”, afirmou.
“A sede para a
reforma é o Congresso porque o Congresso dispõe da possibilidade de fazer
cláusulas de transição, estabelecer que um modelo poderá ser experimentado e,
se der errado, pode ser revisto”, afirmou, ao mencionar a decisão que está em
pauta no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o financiamento de campanhas
eleitorais.
O ministro do
STF Gilmar Mendes disse que os debates sobre o tema contribuem para uma decisão
sobre o modelo ideal de reforma política e eleitoral, mas alertou que é preciso
cautela. “Temos que refletir sobre o assunto, porque é um tema delicado. Não se
trata de julgar a constitucionalidade, mas de saber o que se coloca no lugar.
Criar um novo sistema e mexer num modelo que, bem ou mal, está funcionando, e
colocar outro no lugar? Ou nenhum outro no lugar?”,questionou.
Mendes
destacou ainda a possibilidade de o Judiciário definir regras para as eleições
de 2014, já que o Congresso tem a limitação de alterar as normas com prazo
mínimo de antecedência de um ano do processo eleitoral.
No
Legislativo, há expectativa de que, independentemente da decisão da Suprema
Corte, a mudança não afete as campanhas para a disputa de outubro do ano que
vem. E, mesmo com um calendário apertado em 2014, por causa do processo
eleitoral, que deve tomar as atenções dos parlamentares no segundo semestre, e
os jogos da Copa do Mundo, os deputados acreditam que será possível retomar o
debate sobre a reforma política em fevereiro e avançar com a matéria.
Da Agência
Brasil
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