A avaliação da
segunda turma de médicos estrangeiros selecionados para trabalhar no Brasil por
meio do Programa Mais Médicos começou a ser feita hoje (7) em Brasília,
Vitória, Belo Horizonte e Fortaleza.
No total, são 2.180
profissionais, que terão três semanas de aulas de português e de saúde
pública, com ênfase no modelo do Sistema Único de Saúde (SUS), para, então,
passar pela avaliação e começar a trabalhar, se aprovados.
Em Brasília,
há 500 médicos cubanos e 180 de outras nacionalidades – entre os quais 55
brasileiros com diplomas obtidos no exterior. Nas outras capitais, há mais de
1,4 mil cubanos.
Nesta etapa de
preparação dos estrangeiros, eles irão visitar unidades de saúde e fazer
simulações de casos complexos. Os médicos que atuarão em áreas indígenas terão
aulas de conteúdos específicos. Os profissionais que iniciam a preparação hoje
participaram da segunda etapa de seleção do Mais Médicos, de 19 a 30 de agosto
e deverão começar a trabalhar na segunda quinzena deste mês.
A boliviana
Sandra Mariza Soléz, que vai atender em Tanhaçú, no interior da Bahia,
mostrou-se entusiasmada para começar a trabalhar. "Já visitei o lugar,
gostei muito da gente. Meu sonho sempre foi trabalhar no Brasil, mais ainda no
interior. Vou entregar todo o meu tempo e dar atenção a essa gente", disse
Sandra, que se formou em Cuba e antes de vir para o Brasil trabalhou na
Venezuela.
"Acredito
que esse módulo de avaliação foi bem elaborado, bem estudado pelas pessoas
competentes e vai permitir que nós aprendamos e atuemos da melhor forma
possível", disse o brasileiro Pedro de Souza Fausto, formado na Venezuela
e selecionado pelo programa para atuar em Boa Vista.
"O
período de avaliação é essencial para os médicos estrangeiros se familiarizarem
com o SUS e para prepará-los para o atendimento da população brasileira com
todas as suas peculiaridades", disse, em nota, o ministro da Saúde,
Alexandre Padilha.
Entre os
médicos da segunda etapa, alguns ainda não receberam o registro dos conselhos
estaduais de Medicina para trabalhar. De acordo com o Ministério da Saúde, do
total de registros solicitados, 50% ainda estão pendentes, muitos dos quais com
processos em tramitação na Justiça. Os conselhos argumentam que os médicos
estrangeiros devem se submeter à revalidação de seus diplomas, e não à
avaliação do governo.
O Ministério
da Saúde informou que Alagoas, Amazonas, Espírito Santo, Maranhão, Mato Grosso,
Minas Gerais e São Paulo são os estados
nos quais a pasta enfrenta dificuldades. "Já temos a sinalização
de alguns estados de que, ao longo desta semana, os registros serão
concedidos", disse o secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na
Saúde (SGTES) do Ministério da Saúde, Mozart Sales.
Segundo ele,
isso precisa ocorrer rapidamente para não prejudicar a população. "Na
maioria dos estados que não concederam os registros, esses documentos estão
retidos por uma compreensão equivocada, que prejudica o andamento do programa.
Os prejudicados são os brasileiros, que deixam de ter atendimento por causa
dessa postura", acrescentou o secretário.
Para Sales, o
impasse sobre a concessão dos registros deve ser equacionado nas próximas
semanas, seja pelos conselhos estaduais, seja com a tramitação da Medida
Provisória (MP) do Mais Médicos (621/13), que pode ser votada amanhã (8) ou
quarta-feira (9) no plenário da Câmara. A MP já passou pelas comissões da Casa
e aguarda votação para, então, ir ao Senado, por onde tem de passar até o dia 5
de novembro. Essa votação, no entanto, pode ser comprometida porque o PMDB
ameaça obstruir a pauta se não houver acordo para a votação da
minirreforma ministerial.
Os deputados
vão deliberar sobre o texto
aprovado na semana passada na comissão especial da Câmara, que
transferiu dos conselhos regionais de Medicina para a pasta da Saúde a
competência de conceder registro aos participantes do programa. O texto
aprovado na comissão especial também reduziu de seis para quatro anos o período
máximo em que os médicos formados no exterior poderão praticar a medicina no
país sem revalidar o diploma.
"Seria
bom que houvesse solução no âmbito dos conselhos [estaduais]. O próprio CFM
[Conselho Federal de Medicina] emitiu uma resolução sobre isso.
A maior parte
dos conselhos cumpriu, outros, não", explicou Mozart Sales.
Agência Brasil
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