segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Culpa não ajudará a resolver a desigualdade social, dizem pesquisadores

Enviado por Juliana Damasceno
Uma pesquisa da Universidade de Kansas coloca em discussão as desigualdades sociais e seus motivos – pela visão dos atingidos. A diferença entre ter e ser, sempre em discussão nos Estados Unidos e em muitos outros lugares do mundo, foi o centro do estudo da graduação em psicologia sobre o assunto.

O milionário, por exemplo, pode explicar que adquiriu sua fortuna às custas de muita luta e empenho e que seu subordinado não conseguiu o mesmo resultado por não se esforçar tanto pelo trabalho duro e iniciativas para ser bem sucedido. Já a americana de baixa renda pode justificar a falta de dinheiro e oportunidades por ter nascido em um bairro pobre, com pais sem boas condições financeiras, sem acesso à educação e outras ferramentas que poderiam lhe prover riqueza e poder.
Os estudiosos explicam que o maior vilão dessa história é a culpa. “Quando um ou outro lado parece ter que assumir a responsabilidade por um problema, estão menos inclinados a corrigi-lo. Temos que parar de apontar o dedo e jogar o jogo da culpa”, comentou um dos responsáveis pela pesquisa.

Em um artigo relacionado, outros professores universitários de psicologia examinaram não apenas as causas das injustiças econômicas no país, mas também porque as pessoas discordam sobre estas desigualdades e se a socidedade pode ser responsabilizada por elas. Segundo eles, ater-se apenas às causas da mazelas sociais dificulta nossa capacidade de avançar em uma solução para o problema.

Para este grupo, importam sim as causas, mas desenvolver a solidariedade no grupo em um amplo grupo de pessoas torna-se muito mais positivo do que discuti-las sem chegar a lugar algum.

Baseando-se em estudos anteriores, os autores argumentam que vários fatores psicológicos sociais são fundamentais para entender por que alguns grupos percebem a desigualdade de maneira diferente dos outros.

Para os grupos historicamente desfavorecidos, como as mulheres e as minorias raciais, por exemplo, a igualdade é um objetivo mais importante do que para seus colegas mais favorecidos. Eles são mais propensos a comparar as circunstâncias existentes ao ponto ideal ou ao fim de plena igualdade.

Grupos favorecidos já são mais predispostos a ligar as circunstâncias atuais ao passado, quando a discriminação era legal ou mais amplamente aceita. Em outras palavras, eles podem definir a igualdade como algo desprovido de segregação ostensiva ou institucional.

Da sua "janela"
Grupos favorecidos e desfavorecidos também podem ver de forma diferente as realidades atuais de igualdade: enquanto 72% dos americanos brancos acreditam que a diferença salarial racial diminuiu ao longo dos últimos 10 anos, apenas 38% dos negros norte-americanos acreditam que a diferença tornou-se menor.

No entanto, os homens relataram que 40% das mulheres que conhecem deveriam ter salários menores que os seus, pois consideram o valor injusto. Segundo os pesquisadores, as pessoas tendem a proteger os grupos aos quais pertencem. E é isso que acaba por definir o conceito de justo e injusto.

Em contrapartida, os grupos favorecidos não experimentam as sensações de exclusão ou descriminação. São motivados para não perceber as próprias circunstâncias como determinantes em suas escolhas e opções disponíveis. Fazer isso, de acordo com os estudiosos, seria minar a sua responsabilidade. A revista Midwest Estudos em Filosofia publicará a pesquisa na íntegra.

Jornal GGN - Com informações do portal Phys.org.


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