segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Lula: “Vou ser a metamorfose ambulante de Dilma”

Em entrevista, o ex-presidente Lula afirma que atuará como candidato, mas que ainda é cedo para saber se Aécio, Marina e Eduardo Campos serão candidatos
por Redação
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou que vai atuar como cabo eleitoral da presidenta Dilma Rousseff em 2014, quando ela buscará a reeleição, e voltou a pedir apoio de todos os setores do PT no pleito. Em entrevista ao jornalCorreio Braziliense, publicada nesta segunda-feira 30, Lula afirmou que vai “percorrer o Brasil como se fosse candidato”.
De acordo com Lula, sua participação na campanha de 2014 será diferente daquela de 2010, quando Dilma ainda era desconhecida de boa parte da população. Desta vez, afirmou Lula, “já tem muita gente que vai votar na Dilma independentemente do Lula pedir”. “O que eu vou fazer na campanha depende dela. Eu não quero estar na coordenação, eu quero ser a metamorfose ambulante da Dilma. Estou disposto. Se ela não puder ir para o comício num determinado dia, eu vou no lugar dela. Se ela for para o Sul, eu vou para o Norte. Se ela for para o Nordeste, eu vou para o Sudeste. Isso quem vai determinar é ela”, disse, acrescentando que, quando for importante “ficar quieto”, vai ficar.

Na entrevista, Lula lamentou o fato de o PSB ter rompido com o PT, mas disse que ainda é cedo para saber se o presidente do partido e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, será candidato à Presidência. O mesmo vale, disse Lula, para o senador Aécio Neves (PSDB-MG) e para a ex-senadora Marina Silva, que tenta fundar a Rede Sustentabilidade. “Não dou de barato que as coisas estão definidas na eleição. Nem para o Eduardo Campos ser candidato, nem para o Aécio ser candidato. Sabe-se lá o que o Serra vai tramar contra o Aécio? Nem para a Marina”, afirmou. De acordo com Lula, no caso de Campos ser candidato, deveria haver uma “regra de comportamento” entre PT e PSB. “Se a eleição não terminar no primeiro turno, poderemos ter aliança no segundo turno”, disse.
Lula criticou Marina Silva pelo fato de sua campanha ser pautada, em determinadas questões, por uma rejeição do sistema político brasileiro. Segundo o ex-presidente, Marina “tem de ter coragem” de dizer que a Rede Sustentabilidade é um partido como qualquer outro. “É partido e vai ter deputado, como todo partido”, afirmou. O ex-presidente disse acreditar que, se Aécio Neves for o candidato do PSDB, isso deve trazer mais dificuldades aos tucanos, pois o senador mineiro ainda não é conhecido nacionalmente. De acordo com ele, o PT não deve escolher adversários, mas “pode ganhar” tanto de Serra como de Aécio.
Lula também pareceu otimista quanto ao futuro do Brasil com os atuais pré-candidatos. “Se tivermos agora como candidatos Dilma, Aécio, Eduardo Campos e Marina, o Brasil está qualificado. Todos candidatos de centro-esquerda para a esquerda”, disse.
PMDB e “mensalão”
De acordo com Lula, o PT deve estar unido em 2014. Ao afirmar que fará campanha para Dilma, o ex-presidente rejeitou uma suposta divisão entre “dilmistas” e “lulistas” dentro do partido. “Se houver alguém que se diz lulista e não dilmista, eu o dispenso de ser lulista”, afirmou. Lula afirmou ainda que o PT precisa atuar junto com o PMDB para conseguir formar palanques nos Estados, mas indicou que nem sempre é possível evitar algumas candidaturas. Uma das que foi citada por Lula é a do senador Lindgbergh Farias (PT-RJ), que deseja disputar o governo do Rio de Janeiro, mas enfrenta resistência do PMDB no Estado. “Como é que você vai convencer uma pessoa que quer ser candidato a governador a não ser candidato?”, indagou.
Lula afirmou ainda que não vê com preocupação a possibilidade de a parte final do julgamento do “mensalão” coincidir com as eleições. O petista voltou a criticar a imprensa e afirmou existir uma “substituição da informação pela versão que interessa”, mas disse crer que “o povo sabe separar as coisas”. Lula afirmou que “precisa se calar” enquanto o processo do “mensalão” estiver aberto, mas indicou ter algo a dizer sobre o escândalo, que marcou a transição de seu primeiro mandato para o segundo. “Vou falar quando o julgamento terminar”, disse.

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