Por Antonio Tozzi, no Direto da Redação
Sempre acho
que na política o eleitor precisa se ver representado por todas as correntes
político-ideológicas, porque é salutar que todos estejam representados nas
casas legislativas e mesmo nos governos executivos.
A meu ver, os
países deveriam ter cinco partidos com posições ideológicas bem definidas.
Apesar de considerar esta classificação algo já superado pela modernização do
mundo e pela queda do Muro de Berlim, que colocou a nu a farsa que era o
comunismo, julgo mais fácil usar esta nomenclatura por ser de mais fácil
entendimento.
Diante disso,
acredito que numa democracia o certo é haver cinco partidos que, em seu
arcabouço, representem o arco ideológico dos eleitores. Dentro deste arco,
deveríamos ter um partido de direita, um de centro-direita, um de centro, um de
centro-esquerda e um de esquerda. Como são seres humanos, em dado momento,
poderiam surgir alianças e pactos, mas nenhum deles negociaria seus conceitos
básicos.
Na política
brasileira, infelizmente, partido político virou balcão de negócios. O sujeito
abre um partido com o fim precípuo de negociar apoios a partidos mais fortes em
períodos eleitorais em troca de tempo no rádio e na TV. O pagamento pode ser
feito em espécie ou em termos de cargos políticos.
Não à toa, o
Brasil tem hoje 40 ministérios, e ninguém é capaz de dizer todos os nomes de
seus titulares sem consultar o Google, tamanha a insignificância de seus
titulares. O importante é apoiar o governo, seja lá qual for, em troca de
benesses. Por isto, o Brasil vive este marasmo, sem uma oposição enérgica e
efetiva que se apresente como uma alternativa ao atual governo. Assim, por
falta de opção, ou o eleitor vota pela continuidade ou simplesmente se abstém
de votar, optando pelo voto branco ou nulo, que não é a melhor opção.
Já nos Estados
Unidos, a dicotomia entre os partidos democrata e republicano atinge algumas
vezes a raia do absurdo. Dentro do ninho democrata, cabem desde indivíduos de
extrema-esquerda até empresários liberais, o que muitas vezes gera choque entre
eles.
O mais recente
foi a ameaça de bombardeio contra a Síria, que fez com que Barack Obama se
indispusesse com sua base mais à esquerda. Para sorte dele, foi salvo pela
intervenção esperta de Vladimir Putin e Sergey Lavrov. A ponto do humorista
Bill Maher ter feito uma ironia com o artigo de Putin publicado no The New York
Times, no qual ele puxa a orelha dos governantes americanos. “ Pois é,
tivemos de ouvir uma aula de democracia de Putin. É algo similar como Billy Ray
Cyrus dar uma palestra sobre a maneira correta de cuidar dos filhos”. Para quem
não sabe, ele é o pai de Miley Cirus, a adolescente que virou ninfeta e
protagonizou cenas explícitas de lascívia num video clip especial veiculado
pela MTV.
Entretanto, é
do lado republicano que a coisa está pegando. Embora considere legítimo o país
oferecer uma alternativa conservadora, uma turma passou para o radicalismo sem
sentido. Eles formaram uma ala, batizada de Tea Party, cujo objetivo é apenas
inviabilizar o governo de Barack Obama, a qualquer custo.
Agora, quando
o país está quase no fim de seu ano fiscal – aqui nos EUA o ano fiscal começa
em 1º de outubro e termina em 30 de setembro do ano seguinte -, este grupelho
vem fazendo de tudo para que o governo não consiga aprovar o orçamento e o país
fique sem pagar suas dívidas provocando um default, a fim de rebaixar ainda
mais a credibilidade do país que já nem é mais Triple A, o grau máximo que
todos governos e empresas almejam.
Dentre esses,
um deles vem destacando-se por seu radicalismo: o senador texano Ted Cruz,
ídolo dos malucos do Tea Party. Ele, que nasceu em Calgary, no Canadá, abdicou
até mesmo de sua cidadania canadense para demonstrar seu amor extremado pelos
Estados Unidos. Filho de um cubano de Matanzas, que foi vítima do regime de
Fulgencio Batista e depois aliou-se a Fidel Castro, para em seguida
decepcionar-se com a “revolução” e fugir do país. A mãe é americana,
filha de irlandeses com italianos.
Cruz tem sido
tão inconveniente que até mesmo os próceres do Partido Republicano estão
fazendo críticas severas ao seu comportamento. O deputado novaiorquino Peter
King, conservador empedernido, por exemplo, o chamou de fraude, por causa de
suas atitudes. Ele nem se preocupa em colocar o país à beira da falência, desde
que isto provoque desconforto ao governo Barack Obama, como, por exemplo,
querer inviabilizar o plano de reforma da saúde, batizado de Obamacare, por
seus críticos, que já se tornou lei, por ter sido aprovado no Congresso e
assinado pelo presidente da República.
Acho que os
Estados Unidos, a exemplo do Brasil, deveriam promover uma reforma partidária
para isolar estes inconsequentes. No Brasil, partidos demais e ideias de menos.
Aqui, ideologia demais e partidos de menos. Nos dois casos, é preciso encontrar
o meio-termo, a fim de facilitar a governabilidade.
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