A organização não governamental (ONG) Anistia Internacional condenou a
detenção, no Aeroporto de Heathrow (Londres, Reino Unido), do brasileiro David
Michael Miranda, de 27 anos, casado com Glenn Greenwald, repórter do jornal
britânico The Guardian, que publicou informações sobre o esquema de espionagem
denunciado por Edward Snowden, ex-funcionário de uma empresa terceirizada da
Agência de Segurança Nacional norte-americana (NSA).
Em nota, a Anistia Internacional disse que o brasileiro foi vítima de
vingança do
governo britânico. 'A detenção de David é ilegal e indesculpável. Ele foi
detido sob uma lei que viola qualquer princípio de equidade e sua prisão mostra
como a lei pode ser abusiva por razões mesquinhas e vingativas', diz o texto da
ONG.
Miranda foi detido enquanto estava em trânsito em Heathrow e mantido,
sem direito a comunicação, por quase nove horas - a partir daí o governo
britânico teria que buscar novas justificativas para mantê-lo detido.
'É altamente improvável que David Michael Miranda, em trânsito em um
aeroporto do Reino Unido, tenha sido detido de forma aleatória, dado o papel
que seu marido teve em revelar a verdade sobre a natureza ilícita de vigilância
da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos', disse a diretora
sênior de Legislação e Política da Anistia Internacional Widney Brown.
David foi detido sob a Cláusula 7 da lei aqntiterrorismo. 'Simplesmente
não há base para acreditar que David Michael Miranda apresente qualquer ameaça
para o governo do Reino Unido. A única intenção possível por trás desta
detenção foi perturbar a ele e a seu marido, o jornalista do Guardian Glenn
Greenwald, por seu papel em analisar os dados divulgados por Edward Snowden',
ressaltou Brown.
A Cláusula 7 da lei antiterrorismo permite à polícia deter qualquer
pessoa na fronteira do Reino Unido, sem exigência de apresentar uma causa
provável, e mantê-la por até nove horas, sem justificativa adicional. O detido
deve responder a todas as perguntas, mesmo sem advogado presente. É considerado
crime para o detento se recusar a responder às perguntas - independentemente
dos motivos da recusa - ou não cooperar plenamente com a polícia.
Neste domingo (18), o Ministério das Relações Exteriores classificou
como 'medida injustificável' a retenção do brasileiro no Aeroporto de Heathrow.
Em
nota, o governo brasileiro manifesta 'grave preocupação' em relação ao
episódio, ocorrido neste domingo.
A ação, de acordo com o Itamaraty, foi baseada na legislação britânica
de combate ao terrorismo e envolveu uma pessoa 'contra quem não pesam quaisquer
acusações que possam legitimar o uso da referida legislação'. Ainda segundo a
nota, 'o governo brasileiro espera que incidentes como o registrado com o
cidadão brasileiro não se repitam'.
Também por suspeitas de ligação com terrorismo, policiais de Londres
mataram, em 2005, o mineiro Jean Charles de Menezes, de 27 anos. Ele foi
confundido com um terrorista em um trem do metrô da capital britânica. A morte
de Jean Charles ocorreu depois de uma série de atentados ao sistema de transporte
público de Londres.
Créditos à Agência Brasil
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