Por Juliana Silva, via GGN
Reportagem
da Fenametro (Federação Nacional dos Metroviários) revela que multinacional
francesa Alstom, que supostamente faria parte do cartel para
licitações do Metrô de São Paulo e do Distrito Federal e da Companhia
Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), que está sendo investigado pelo Cade
(Conselho Administrativo de Defesa Econômica), estaria defraudando
dinheiro público do metrô de Israel. A reportagem fou blicada no mês passado no
portal da federação, mas em função das últimas revelações sobre o cartel, nunca
foi tão atual.
Confira
a reportagem na íntegra:
Na
última sexta-feira (19) a Federação Nacional dos Metroviários recebeu em sua
sede a diretora de Relações Internacionais da Campanha Palestina contra o Muro
do Apartheid, Maren Mantovani. A ativista esteve em reunião com o presidente da
Fenametro, Paulo Pasin, para tratar das ofensivas da multinacional francesa
Alstom que se alastra do Brasil à Palestina, além Boicote, Desinvestimento e
Sanções (BDS) boicote econômico a produtos de Israel.
A
América Latina e o Mercosul representam, segundo os defensores do BDS, o
terceiro maior mercado do comércio de Israel depois dos Estados Unidos e União
Europeia. O boicote poderia exercer uma pressão contra o expansionismo e a
opressão de Israel sobre a população da Palestina. Além do boicote, Maren
relatou como a multinacional francesa Alstom vem contribuindo com o processo de
colonização da Palestina. “A Alstom é responsável pela construção de um muro de
oito metros de altura que irá separar os palestinos e israelenses”, afirmou.
“A
multinacional também está envolvida na construção e exploração de uma linha de
metrô em Jerusalém”, denunciou Maren. O projeto chamado "Jerusalém
Transporte Plano Diretor", promovido pelo governo israelense e a
prefeitura de Jerusalém, vem impulsionando a ingerência de Israel contra o povo
palestino.
A
empresa Alston cumpre um papel fundamental na tentativa de Israel de fazer a
sua anexação ilegal de Jerusalém Oriental palestina de forma abusiva e
massacrante. “Além do processo de privatização do transporte local, o que torna
a luta comum dos trabalhadores palestinos e brasileiros contra a multinacional,
que também enfrentam com precarização do sistema e as relações de trabalho”.
Por
isso, a luta contra o Muro do Apartheid está intrinsecamente centrada “contra a
colonização e a construção de guetos através de muros, militarização,
urbanizações, estradas e infraestruturas exclusivas para judeus destinados à
extinção do patrimônio e o futuro do povo e contra a limpeza étnica de
Jerusalém e a atual expulsão do povo palestino de suas casas”.
Mobilização
internacional
Maren
vem ao Brasil engrossar o movimento de resistência contra a multinacional junto
com os metroviários, que sempre tiverem como eixo central uma pauta por um
transporte público, gratuito e de qualidade.
Entretanto,
a batalha da categoria contra a multinacional Alstom se intensificou com a
implantação CBTC no metrô. Em 2008, o governo do estado de São Paulo, Geraldo
Alckmim (PSDB), fechou um contrato de R$ 780 milhões para implantação do
sistema em três linhas do metrô. Porém, a Alstom que sempre foi denunciada
pelos metroviários não compunha nenhuma capacidade técnica para garantir com
segurança o serviço proposto.
Pois
bem, depois de cinco anos os testes da Linha 2 não funcionam, além disso, os
metroviários que trabalham na parte técnica apontaram de forma responsável e
comprometida com os usuários e os funcionários problemas sérios de segurança,
que tendem se alastrar pelo novo sistema que está para ser implantado: os
monotrilhos.
No
entanto, nem o poder público e nem a polícia federal local não tomaram nenhuma
providencia contra esta multinacional, alias, apenas o Brasil continua a selar
e a preservar os contratos que estão enraizados num processo violento de
corrupção.
Aos
nossos olhos a única certeza que fica é que multinacional Alstom tem carta
branca dos governantes para impor sua política “sangue-suga” sobre os
trabalhadores, seja no Brasil ou na Palestina, deixando seu rastro de
exploração à classe trabalhadora e de ataque à soberania nacional dos países
por onde se impõe.
Além
de prestar um desserviço e defraudar dinheiro público atribui indiretamente aos
usuários do metrô a responsabilidade sobre o processo de exploração contra o
povo palestino. “O brasileiro que está utilizando o metrô e pagando R$ 3 reais,
está pagando uma parte da colonização palestina”, afirmou Maren.
“Para
além do pedido de solidariedade aos metroviários e trabalhadores brasileiros à
luta dos palestinos é preciso unidade entre os trabalhadores dos dois países
contra as multinacionais. De um lado está imposta a luta de resistência do povo
palestino e de outro a exploração contra aos trabalhadores metroviários. Todos
contra a Alstom numa luta comum”, afirmou Maren Mantovani.
“Intercambio
poético”
Além
da luta de resistência contra a multinacional, Maren traz ao Brasil o projeto
de autoria da jornalista Sâmia Gabriela Teixeira, que foi idealizado com um
pessoal da rede de movimentos periféricos, de cunho artístico, literário e
audiovisual, de intercâmbio sobre culturas de resistência das periferias daqui
do Brasil e da Palestina.
Trata-se
de um "intercâmbio poético" entre jovens ativistas da Palestina e da
Periferia de São Paulo, a partir da vinda do Majed Abusalama, um jovem
jornalista de Gaza, Qais al-Hinti, militante palestino-jordaniano da
organização cultural Al Hannouneh, e dos rappers Mohamad Antar e Shadia Mansour
aqui para o Brasil, para a circulação por alguns saraus periféricos, a produção
de um vídeo documentário, uma coletânea bilíngue (português e árabe) de poesias
periféricas brasileiras e da palestina e dois shows com artistas brasileiros e
os palestinos.
Do
lado de cá, a participação dos jovens rappers Sabota Jr. (filho do lendário
Sabotage), do jornalista José Francisco Neto (Influência Positiva) e dos poetas
Luan Luando e Jairo Periafricania, além de Saraus como Cooperifa e
Perifatividade, que complementam o intercâmbio. O projeto visa contar com
outros importantes nomes do cenário periférico cultural.
Para
Maren é importante expandir o projeto de resistência política e cultural da
Palestina com os metroviários e demais trabalhadores do Brasil.
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