domingo, 7 de julho de 2013

Le Monde analisa "degringolada" da popularidade de Dilma

Le Monde dedicou na terça-feira, 2 de julho de 2013, uma página à queda da popularidade de Dilma Rousseff, sob o título "Dilma, o desamor". "Em três meses, a presidente brasileira passou de 65% de opiniões favoráveis a 30% no final de junho. A queda mais violenta da história democrática do Brasil. Ela era elogiada por seu rigor e sua discrição. Agora é denunciada por seu dirigismo e seu isolamento", diz o correspondente do jornalfrancês no Rio de Janeiro, Nicolas Bourcier.

O texto descreve como Dilma Rousseff iniciou seu governo com um dos índices de aprovação mais altos do Ocidente, ultrapassando até mesmo a popularidade de seu mentor, o ex-presidente Lula. Sua imagem de mulher "severa, competente e eficaz" impressionava até seus detratores, segundo Le Monde.



Para o jornal Le Monde, a personalidade rigorosa e 
reservada de Dilma, que antes era vista como uma 
qualidade, agora é percebida como um problema pelos
brasileiros.  - Antonio Cruz/ABr
Mas após o início dos protestos no Brasil houve uma "irresistível degringolada". "Mesmo se as manifestações das últimas semanas não a visam pessoalmente - com raras exceções -, Dilma Rousseff não é poupada pelos manifestantes, que denunciam os privilégios das elites e a corrupção dos políticos", diz o jornalista, para quem " a presidente aparece como prisioneira de um sistema político minado pela corrupção e a impunidade".

Le Monde analisa que Dilma se tornou uma vítima expiatória, "como se sua personalidade complexa e reservada pagasse o preço de uma convulsão social inédita, uma movimento que mergulha suas raízes nas águas turvas da história dessa jovem democracia com uma gestão política engessada há muitos anos".
O jornal resume a trajetória de Dilma até chegar à presidência e faz um balanço de seus primeiros dois anos e meio de mandato. O fraco desempenho da economia do país e a repercussão do julgamento do Mensalão em 2012 a afetam, mas Le Monde aponta que Dilma ainda consegue ficar acima das suspeitas de corrupção que atingiram os políticos ao redor dela.

Mas o fato de ela ter renunciado ou adiado as reformas agrária, do sistema eleitoral ou da saúde também conta pontos contra a presidente. A isso juntam-se indicadores sociais que deixam a desejar. E sua própria dificuldade em delegar poderes se volta contra Dilma, de acordo com o texto, provocando atrasos em decisões importantes para o país.

Le Monde avalia que a presidente brasileira demorou demais para reagir diante dos protestos que tomavam conta das ruas do país. O jornal afirma que a consulta popular sobre a reforma do sistema político proposta por Dilma é uma aposta "audaciosa e ambiciosa": "Essa é a sua saída. Está em jogo o futuro democrático do Brasil, teria bradado a jovem Dilma, há trinta anos. Mais simplesmente, hoje está em jogo a sua sobrevivência política", conclui o texto.

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Dag Vulpi

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