da Agência Brasil
O arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, espera que a Jornada Mundial da Juventude seja um bom trabalho de evangelização com os jovens e que também represente uma contribuição da Igreja da América Latina para a Igreja no mundo. "Sem dúvida a jornada aqui no Rio de Janeiro terá um sabor de América Latina. Este é um grande momento de partilha que se insere no contexto da fé", disse.
Ele informou que na Igreja as coisas não acontecem em um aperto de botão e, por isso, as mudanças não se darão de uma hora para outra, embora reconheça que o encontro vai provocar uma evolução. De acordo com o cardeal, os jovens se sentem órfãos de um pai, por isso a identidade deles com a figura do papa, que, para ele, não é um ídolo. “O papa de certa forma representa isso. Os jovens querem ver e ouvir o papa. Sentir a sua proximidade, e o papa Francisco está fazendo isso. Está representando essa figura do pai que está faltando”, declarou.
Segundo o cardeal, durante a JMJ o papa terá a oportunidade de falar não apenas aos jovens, mas à sociedade mundial. Ele contestou o fato de que somente a Igreja Católica vem perdendo fiéis. Para o arcebispo, outros grupos religiosos estão crescendo, mas destacou que é preciso examinar quais são as propostas dessas correntes. “Não é verdade que só a Igreja Católica perde fiéis. Gostaria de pôr este destaque. Às vezes se diz que a Igreja Católica perde fiéis, mas todas as religiões tradicionais estão perdendo fiéis. As evangélicas tradicionais, aliás, perderam percentualmente bem mais do que a Igreja Católica aqui no Brasil. Está havendo de fato uma mobilidade religiosa de grupo para grupo. Assim essa migração religiosa precisa ser examinada. O que está por trás disso é uma crise de compreensão dos valores”, disse.
Na avaliação de dom Odilo, o fator que mais cresce no Brasil atualmente é o dos sem religião. “Depois de migrar por várias e de desilusão em desilusão acaba-se na não religião. Achando que a religião é tudo engano, é tudo ilusão. Não vou entrar em nenhuma Igreja porque todas me roubam, me passam para trás, me exploram. Este é o grande problema. A desmoralização da religião. Entrar na lógica do mercado é a falência da religião”, destacou.
Sobre os problemas com o clima no Rio de Janeiro, com previsão de chuva para esta semana, descontraído o cardeal, descartou a necessidade de alteração na programação da jornada no Campus Fidei (Campo da Fé), na zona oeste do Rio, ou na comunidade da Varginha, em Manguinhos, na zona norte, que receberá a visita do papa. “Espero que a mudança seja do céu nublado para o céu aberto, bonito e que não haja maiores problemas”, disse sorrindo.
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