O presidente
do Conselho Federal de Medicina (CFM), Roberto d'Ávila, considera que o veto parcial da lei que regulamenta o exercício da medicina, conhecida como Ato
Médico, foi uma agressão aos médicos. Segundo ele, a presidenta Dilma Rousseff,
que vetou partes da lei, foi mal assessorada e criticou a atuação do ministro
da Saúde, Alexandre Padilha. “Fomos traídos pelo ministro da Saúde”, disse
d'Ávila.
"Nós
[médicos] estamos sendo agredidos, o Congresso desautorizado e a população está
desprotegida”, acrescentou.
A presidenta
vetou trecho da lei que estabelecia ser exclusivo dos médicos o diagnóstico e
tratamento de doenças. Ao justificar o veto, o governo alegou que a medida iria
afetar programas da rede pública de saúde, que funcionam com atuação de
diversos profissionais de saúde. O Ato Médico sempre foi defendido pela
categoria médica, mas contestado pelos demais profissionais de saúde, como
fisioterapeutas, enfermeiros e psicólogos.
“Na nossa
visão [o Ato Médico] não significa mais nada. O veto fere de morte o projeto”,
avaliou o presidente do CFM. Ele defende que os médicos são os
profissionais preparados para fazer diagnósticos e indicar tratamento, e cada
profissão deve ter uma relação de atividades.
Com o veto,
d'Ávila avalia que o atendimento aos usuários da rede pública será prejudicado,
pois parte da população que tem condições de pagar por uma consulta vai
continuar a procurar um médico para ter um diganóstico. "Para o povo do
SUS pode ser qualquer profissional”, disse.
Segundo o
presidente, a classe médica vive uma crise com o governo e "é a segunda
agressão da semana", se referindo ao lançamento do Programa Mais Médicos,
que prevê a contratação de médicos estrangeiros para atuarem nas periferias e
no interior do país e trabalho obrigatório de dois anos no Sistema Único de Saúde
(SUS) para estudantes de medicina. Medidas contestadas pelo CFM.
O presidente
disse que vai sugerir ao plenário do CFM que retire todas as suas
representações nas câmaras técnicas do governo. Para d'Ávila, ao vetar
parcialmente o Ato Médico, o governo desprezou 12 anos de discussão, 27
audiências e três votações nas quais o projeto foi aprovado no
Parlamento. Em nota publicada em seu site, o Ministério da Saúde alega
que em todo o processo de debate foi levado em consideração as manifestações do
Congresso Nacional, de secretarias municipais de saúde e das entidades
nacionais municipalistas.
Os vetos
presidenciais serão apreciados pelo Congresso Nacional. Roberto d'Ávila disse
que a cateogira vai se mobilizar para derrubá-los.“Vamos lutar para derrubar
esses vetos”, destacou. O CFM é contra uma greve, mas não descarta a
possibilidade de protestos.
As categorias
de profissionais da saúde, que não são médicos, comemoraram a decisão da
presidenta de vetar trechos do projeto. Para eles, os vetos foram uma vitória
para o SUS e os brasileiros.
O governo
informou que vai consultar as entidades representativas de profissionais da
saúde para depois apresentar novo projeto de lei que assegure as competências
de cada profissão.
O Ministério
da Saúde informou que não vai se manifestar sobre as declarações do presidente
do CFM.
Vetos ao Ato Médico são vitória do SUS e da população, avaliam profissionais de saúde
Profissionais
de saúde não médicos avaliam como uma vitória o veto parcial da presidenta
Dilma Rousseff ao sancionar a lei que regulamenta o exercício da
medicina, conhecida como Ato Médico.
Um dos trechos
vetados foi o Inciso 1 do Artigo 4º que estabelecia ser privativo aos médicos o
diagnóstico e a prescrição terapêutica (tratamento) de doenças. Ao justificar o
veto, a Presidência da República alegou que a medida iria afetar programas da
rede pública de saúde, que funcionam com atuação de diversos profissionais de
saúde. O inciso motivou protestos de diversas categorias, como fisioterapeutas,
enfermeiros e psicólogos.
“A aprovação
deste dispositivo traria restrições ao trabalho de outros profissionais de
saúde. Hoje, por exemplo, pacientes com doenças como malária, tuberculose e
dengue são diagnosticadas ou iniciam o tratamento com profissionais de
enfermagem e têm acompanhamento por equipes compostas por médicos”, explica o
governo, em nota.
Para a
presidenta do Conselho Federal de Enfermagem, Márcia Krempel, quem ganha com o
veto é a população e o Sistema Único de Saúde (SUS). “Com o veto, o SUS vai
continuar funcionando de uma forma não hierarquizada, todos os profissionais
tendo o mesmo peso e o mesmo valor”, disse.
O Conselho
Federal de Psicologia (CFP) também comemorou a decisão do governo. De acordo
com o conselho, se o trecho fosse sancionado, os psicólogos "não poderiam
mais diagnosticar transtornos mentais". "Assim, o CFP apoia a decisão
da presidente Dilma que, em seu veto, defendeu o Sistema Único de Saúde e a
atuação integrada dos profissionais da área. A presidente ressaltou que a sanção
do texto 'poderia comprometer as políticas públicas da área de saúde, além de
introduzir elevado risco de judicialização da matéria'", diz nota do
conselho.
A presidenta
Dilma Rousseff vetou ainda dispositivos que impediam a atuação dos demais profissionais
na indicação de órteses e próteses, inclusive oftalmológicas, uma das
principais reivindicações dos optometristas, que atuam nos cuidados da visão e
podem prescrever o uso de óculos. De acordo com a categoria, caso o Ato
Médico fosse sancionado integralmente, a profissão seria extinta, mesmo com
curso superior reconhecido pelo Ministério da Educação.
Agora, os
vetos presidenciais serão apreciados pelo Congresso Nacional, que pode
derrubá-los se entender necessário. “Vamos ficar vigilantes e manter a
categoria mobilizada para que o veto seja mantido”, disse Márcia Krempel.
da Agência
Brasil
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