A Cúpula do
Mercosul, em Montevidéu, no Uruguai, hoje (11) e amanhã (12), pode ser a
oportunidade para os líderes latino-americanos definirem medidas efetivas
destinadas a proteger a privacidade dos dados dos cidadãos da América Latina de
eventuais monitoramentos. O advogado Daniel Gerber, especialista em direito
penal e internacional, disse à Agência Brasil que “o mundo jurídico é
um ator secundário, pois as definições estão com os governantes”.
“O assunto é
extremamente delicado e complexo, mas é preciso reagir. O mundo jurídico é
apenas parte das discussões. No caso do Brasil [se comprovadas as denúncias], o
governo norte-americano cometeu crimes contra a segurança nacional, violando a
Constituição e ultrapassando as regras sobre o Estado de defesa”, disse o
especialista. “Não se pode ter uma posição de subserviência sobre o tema”,
completou.
Os presidentes
latino-americanos pretendem fazer uma declaração de repúdio às denúncias de
espionagem, por agências dos Estados Unidos, de dados na internet e telefonemas
de cidadãos norte-americanos e estrangeiros. No Brasil, as denúncias foram
divulgadas pelo jornal O Globo que detalhou os procedimentos,
informando, inclusive que houve uma espécie de estação de uma das agências em
Brasília. O governo brasileiro pediu explicação aos Estados Unidos.
As denúncias
vieram à tona pela divulgação de informações do ex-consultor norte-americano
Edward Snowden, que era funcionário terceirizado de uma empresa que prestava
serviços para Agência de Segurança Nacional (cuja sigla em inglês é NSA) e a
Agência de Inteligência dos Estados Unidos (cuja sigla em inglês é CIA).
“Gostaria que
fosse proposto algum tipo de embargo aos Estados Unidos, sem que isso demonstre
animosidade. Contra atos concretos, é preciso estabelecer medidas efetivas. Não
sei que instrumentos podem ser adotados, mas que devem ser definidos, isso é
certeza”, disse o especialista.
Na Cúpula do
Mercosul amanhã (12), os presidentes devem anunciar uma declaração cujo
conteúdo se baseia na preocupação com as denúncias de espionagem, a gravidade
que elas representam e que são inaceitáveis. Além do Brasil, a Colômbia, o
México, o Equador e a Argentina se manifestaram sobre o assunto condenando o
monitoramento externo de informações de cidadãos.
O tema será
abordado também hoje (11), pelos chanceles que participam da Cúpula do
Mercosul. Deverão discutir o assunto os ministros das Relações Exteriores do
Mercosul (Brasil, Argentina, Uruguai e Venezuela, o Paraguai não participa
porque está suspenso do bloco) e da União de Nações Sul-Americanas (Unasul),
que reúne 12 nações.
(da Agência
Brasil)
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