Por Márcio
Chaer*
O Supremo
Tribunal Federal decidiu dar curso à investigação que pretende apurar se a
operação satiagraha foi patrocinada e conduzida por empresários interessados em
alijar o banqueiro Daniel Dantas do mercado de telecomunicações do Brasil.
O ministro
Dias Toffoli atendeu esta semana uma lista de pedidos feitos pela
Procuradoria-Geral da República. Entre eles estão a quebra de sigilo bancário
do ex-delegado e deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) e do sigilo
telefônico do empresário Luís Roberto Demarco. O jornalista Paulo Henrique
Amorim terá investigada a origem do seu blog.
Demarco,
ex-sócio de Daniel Dantas no grupo Opportunity, foi o homem designado pela
Telecom Italia para defender seus interesses no Brasil e combater os de Daniel
Dantas. Protógenes Querioz, atuando como delegado da Polícia Federal, conduziu
a operação satiagraha, que investigou supostos crimes financeiros de Daniel
Dantas e de seu grupo empresarial. Paulo Henrique Amorim, em conexão com
Demarco e Protógenes, conduzia uma campanha de mídia contra Dantas. Demarco e
Amorim estariam a serviço da Telecom Itália, sócia de Daniel Dantas na Brasil
Telecom, com quem disputava o controle acionário da operadora.
Entre outras
ordens, o ministro do STF determinou a expedição de carta rogatória à Itália,
para obtenção das conclusões dos processos conduzidos pela Procuradoria da
República de Milão. Nesse processo, apurou-se que da empresa Telecom
Italia foram desviadas altas somas destinadas a subornar autoridades,
políticos, policiais e jornalistas do Brasil. Entre os executivos da empresa na
Itália, responsáveis pelo “propinoduto”, alguns já foram presos, outros ainda
respondem processos e um se suicidou. Embora já se saiba da condenação dos
corruptores, até hoje as autoridades brasileiras evitaram ir atrás dos
corrompidos.
Será quebrado
o sigilo bancário também de José Zelman que, segundo Protógenes, foi quem lhe doou
três imóveis (dois apartamentos, um no Guarujá, outro em Foz do Iguaçu e mais
uma garagem), no curso da operação satiagraha. A Receita Federal deverá
fornecer as declarações de Imposto de Renda de Protógenes e Zelman, de 2005 a
2008.
Além da quebra
de sigilo telefônico de todas as linhas identificadas como sendo de Protógenes
e Demarco, serão levantadas também as ligações feitas e recebidas pela Nexxy
Capital (empresa de Demarco) e números da própria Polícia Federal. Dos
aparelhos celulares, além das ligações serão recuperados os SMS disparados ou
recebidos.
As
superintendências da Polícia Federal em São Paulo, Brasília e Rio de Janeiro
deverão informar se Luís Roberto Demarco ingressou nos prédios entre janeiro de
2007 e dezembro de 2008 — e a finalidade das visitas. A empresa de Demarco será
investigada também na Junta Comercial de São Paulo.
Inquérito
3.152
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