Um documento
de dezembro de 1972, apresentado nesta terça-feira durante o balanço de um
ano dos trabalhos da Comissão da Verdade, prova que a Marinha do Brasil sabia
da morte de pelo menos 11 pessoas - dentre elas, o então deputado
Rubens Paiva -, que até hoje eram dadas oficialmente como desaparecidas. O
cruzamento de documentos acrescenta que, em 1993, o órgão militar deu outra
versão ao então presidente Itamar Franco. "A Marinha ocultou
deliberadamente informações e documentos do Estado brasileiro. Ocultou da
Presidência, do Ministério da Justiça e da Câmara dos Deputados", afirmou
a pesquisadora responsável pela análise dos documentos e assessora da comissão,
Heloísa Starling.
Na avaliação
da pesquisadora, dentre os serviços secretos militares, o Cenimar é o mais
fechado. "Foi um dos organismos mais ferozes no interior da estrutura da
repressão da ditadura", classificou.
O documento de
1972 dedica mais de 12 mil páginas aos 11 mortos dados como desaparecidos.
"É a primeira vez que se tem um documento oficial vindo de um órgão de
repressão reconhecendo a morte de Rubens Paiva", disse Heloísa. A
pesquisadora acrescentou que, dada a capilaridade dos sistemas de informação
das Forças Armadas, "pode-se inferir que não é só o Cenimar que sabia que
Rubens Paiva estava morto".
O comissionado
Paulo Sérgio Pinheiro assegurou que o documento, até hoje inédito, não foi
conseguido por meio da Marinha. "Quando o relatório ficar pronto, tudo vai
ser revelado", disse. O prazo final para a entrega do relatório final da
Comissão da Verdade está marcado para o fim de 2014.
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