O relatório O
Estado dos Direitos Humanos no Mundo, lançado na quarta-feira (22) pela Anistia
Internacional, no Rio de Janeiro, diz que os jovens negros são de forma
desproporcional as principais vítimas de crimes violentos no Brasil. A maior
incidência de homicídios ocorre nas regiões Nordeste e Norte.
De acordo com
a Agência Brasil, o diretor executivo da Anistia Internacional no Brasil, Átila
Roque, disse que o país vive uma situação de quase extermínio de uma parcela da
população.
“Em
2010, quase 9 mil jovens entre 9 e 19 anos foram mortos, de acordo com o Mapa
da Violência, foram vítimas de homicídio. Estamos vivendo uma tragédia de
proporções inacreditáveis, isso equivale a 48 aviões da TAM caindo todo ano
cheio de jovens: crianças e adolescentes. Outro recorte mostra que uma parcela
enorme, cerca de 50%, é de homens negros que estão morrendo. Claramente, há uma
situação que combina diversos fatores, violência institucional, número de armas
que circulam, racismo, acabam vitimando um certo perfil de pessoas”.
O estudo da
Anistia Internacional ainda disse que, segundo dados de 2012, foram registradas
denúncias de tortura e maus-tratos no sistema carcerário e os assassinatos
cometidos por policiais continuam sendo registrados como auto de resistência ou
resistência seguida de morte, sendo pouco investigados.
O diretor
enfatizou que uma recomendação do Conselho Nacional de Defesa da Pessoa Humana,
de novembro passado, pede o fim do auto de resistência, mas poucos estados a
implementaram.
“Nós
continuamos a ter, ainda hoje, apesar de algumas mudanças e alguns avanços, um
padrão de segurança pública, um padrão de ação dos agentes que deveriam trazer
segurança para a população, marcado pela violência, por uma percepção de que se
está em uma ação de guerra, em que se suspende o marco legal e você pode fazer
o que quiser. Isso tem sido uma tônica no modo como a polícia atua não só no
Rio e em São Paulo, mas em muitas outras situações no Brasil”.
Ainda segundo
a Agência Brasil, o relatório ressalta que o governo lançou em setembro o Plano
de Prevenção à Violência Contra a Juventude Negra, chamado de Juventude Viva,
porém cortou pela metade os recursos do Programa Nacional de Segurança Pública
com Cidadania (Pronasci).
UPPs
O documento
aponta que políticas, como as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no Rio de
Janeiro, contribuíram para a diminuição no número de homicídios. Porém, a ação
de milícias em muitas favelas continua, principalmente na zona oeste da cidade.
São
Paulo
De acordo com
o relatório, o número de homicídios aumentou 9,7% entre janeiro e setembro de
2012, em São Paulo. Somente em novembro passado, 90 pessoas foram mortas por
policiais no estado. A explicação seria o aumento dos confrontos com
organizações criminosas. Em maio, três policiais da tropa de choque Rota foram
presos acusados de executar um suspeito.
A Anistia
Internacional também apontou em seu estudo o aumento da população carcerária.
Segundo a entidade, atualmente faltam 200 mil vagas no sistema carcerário
brasileiro.
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