O
diretor-geral do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), Paulo
Hoff, elogiou ontem (22) a Lei 12.732/12 que obriga o Sistema Único de
Saúde (SUS) a iniciar o tratamento contra a doença em até 60 dias após o
diagnóstico no prontuário médico. A legislação entra em vigor amanhã (23). No
entanto, Hoff, que também é professor de Oncologia e Radiologia da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (USP), cobrou recursos para o cumprimento
da lei.
“Não houve
aporte adicional de capital, de investimento, para se regularizar a oferta
dentro do princípio de fazer esse atendimento em 60 dias. Algo que temos que
discutir”, disse. “E a hora de se discutir aporte adicional é agora, quando se
está fazendo a Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2014”, disse.
De acordo com
o médico, nas instituições que tratam câncer pelo SUS no estado de São Paulo, o
tempo médio entre o diagnóstico e o início do tratamento é 22 dias, abaixo do
exigido pela lei. “O problema é que isso é uma média. E a média esconde a
realidade. Dependendo a localização do indivíduo e do tipo de tumor que o
paciente tem, isso pode passar de três meses”.
Segundo Hoff,
os pacientes podem enfrentar, no estado, grande dificuldade de encontrar, em
pouco tempo, um serviço público para tratar alguns tipos de câncer, como o de
esôfago, e o de reto, que exigem tratamento multidisciplinar. O diretor do
Icesp questionou ainda como irá funcionar a punição das instituições que não
cumprirem o prazo estipulado pela lei.
“Se entre o
diagnóstico e a chegada ao hospital o prazo for muito longo, o tempo de se
fazer todas as outras atividades [como o preparatório para uma cirurgia]
diminui. Quem será penalizado, o serviço que fez o diagnóstico inicial ou o
serviço que aceitou o paciente? Isso não está esclarecido na legislação”,
questiona.
“Vamos ter de
pensar em como fazer a lei ser cumprida sem que instituições bem intencionadas
não venham a ser punidas. Ou até pior, que as instituições comecem a fechar as
portas. 'Não posso aceitar, porque eu só posso aceitar quem eu posso operar
imediatamente'”, disse. Hoff participou de uma audiência pública no Ministério
Público Federal para debater o tema.
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