Escassez obriga Venezuela a importar produtos de higiene

 Além de papel higiênico, país sofre com falta de sabonete, fralda, absorvente e pasta de dente

Venezuelanos fazem fila para comprar papel higiênico no supermercado em Caracas  - JORGE SILVA / REUTERS

CARACAS - Não é apenas por falta de papel higiênico que os venezuelanos têm sofrido nas últimas semanas. Além do item de necessidade básica, o país sofre com escassez de sabonete e pasta de dente, entre outros produtos de limpeza. Alimentos também estão escassos e as filas nos supermercados têm ficado longas para adquirir estes produtos.

Já foi aprovada na Assembleia Nacional venezuelana uma proposta para a importação de produtos de higiene pessoal, sob o custo de cerca de R$ 160 milhões. Diante da verba, o governo anunciou a compra de 39 milhões de rolos de papel higiênico, 50 milhões de absorventes, 10 milhões de sabonetes, 17 milhões de fraldas e três milhões de tubos de pasta de dente.

Na semana passada, o presidente Nicolás Madurou importou 760 mil toneladas de alimentos para aliviar a “escassez”. Agora Maduro anunciou a chegada de produtos oriundos da China, Brasil, Argentina e Uruguai para reforçar o estoque do país.

Alguns políticos, porém alertam que o desabastecimento pode estar sendo gerado, em parte, por esquemas que visam a obtenção de alto lucro.

- Temos denunciado constantemente toda uma estratégia de estocar mercadorias para provocar a sua falta no mercado e a campanha de terror que se espalhou, fazendo com que os venezuelanos comprem compulsivamente - disse o deputado governista José Ávila, ao jornal espanhol “El Mundo”.

Henrique Caprilles, candidato da oposição à presidência nas últimas eleições, criticou o governo de Maduro através do Twitter.

“Os apadrinhados acabaram até com a produção de papel higiênico. O papel acabou, mesmo o país tendo as maiores reservas de petróleo do planeta”, comentou Caprilles.

A economia venezuelana é afetada pela escassez e pelos cortes de energia. A inflação do país chegou a 20% no ano passado e a dívida chegou a US$ 150 bilhões. O governo de Maduro, que assumiu a Presidência há pouco mais de um mês, responsabiliza os empresários pelo crônico desabastecimento na Venezuela.