Por João Batista Herkenhoff
Em tempos
recuados, uma parte ponderável do povo aceitava o slogan: “rouba, mas faz”.
Hoje um político, que comparecesse perante a opinião pública com este discurso,
seria rechaçado. Um forte clamor por Ética ressoa na sociedade brasileira
contemporânea. O axioma “rouba mas faz” foi destroçado.
Apesar de
inúmeros problemas e dificuldades, o Brasil está avançando. Este avanço é menos
fruto do trabalho deste ou daquele governo, e muito mais resultado do esforço
de milhões de pessoas, grupos organizados, associações de moradores,
sindicatos, movimentos sociais de diversas naturezas, comunidades eclesiais de
base.
As novas
gerações não têm a possibilidade de comparar regime democrático e regime
ditatorial. A liberdade parece-lhes natural. Diante de certos episódios, que
mancham a Democracia, podem ter a tentação de indagar: na ditadura não seria
melhor?
Mesmo aqueles que
não são jovens podem ser tentados a colocar em cheque a validade do sistema
democrático diante de escândalos administrativos e financeiros que
eventualmente ocupem o noticiário: seja o noticiário nacional, sejam os
noticiários locais.
O grande
desafio da Democracia é aceitar o impacto da liberdade. Nas democracias: a
corrupção é denunciada; os jornais estampam nas manchetes as falcatruas; são
apontados para conhecimento geral os conluios que traem o interesse público em
benefício de interesses de grupos privilegiados. Nas ditaduras os mais vis
procedimentos medram, sem que deles a opinião pública tome conhecimento. Este
não é um fenômeno das ditaduras brasileiras, mas das ditaduras no mundo
inteiro. Só depois que caem as ditaduras, seus crimes vêm à tona, os carrascos
passam a ter face e nome, as cifras dos ladrões são contabilizadas.
Em síntese: os
desvios de conduta não existem como consequência da Democracia. O sistema
democrático, especialmente a liberdade de imprensa, apenas torna públicos os
atos desonestos.
É um grande
equívoco supor que se alcancem padrões de conduta irrepreensível, por parte dos
governantes, através de serviços secretos de informação, supressão de garantias
constitucionais, abandono de franquias conquistadas por um povo ao longo de sua
caminhada histórica.
O maior
antídoto da corrupção é a possibilidade de contestar, o jorro de luz sobre os
fatos, a abertura de todas as cortinas.
O crescimento
da consciência de cidadania tem ampliado a rejeição do povo a todos os
artifícios que fazem da Política um espaço secreto. A transmissão dos debates
parlamentares pela televisão, seja através dos canais comerciais, seja através
da TV Senado e TV Câmara, é um progresso.
O Brasil vive
uma hora de debate. Abaixo as verdades estabelecidas! Discutamos tudo.
Direto da Redação
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