Leite, queijo,
iogurte e manteiga são alimentos facilmente encontrados na mesa dos
brasileiros, mas para cerca de 40% da população podem trazer náuseas, diarreia,
excesso de gases, dor de estômago entre outros incômodos. Isso acontece devido
a uma incapacidade que essas pessoas têm de digerir lactose, o açúcar do leite.
É a intolerância à lactose.
Para digerir
esse açúcar, o organismo precisa produzir uma enzima chamada lactase, que
divide o açúcar do leite em glicose e galactose. A incapacidade de produzir a
lactase pode ser genética ou ocasionada por algum problema intestinal que a
interrompe temporariamente. As informações são da Agencia Brasi.l
De acordo com
Ricardo Barbuti, gastroenterologista membro da Federação Brasileira de
Gastroenterologia, a capacidade de produzir a lactase é geneticamente
determinada. “Quem tem a predisposição para produzir menos enzimas, na medida
em que o tempo passa, vai perdendo a capacidade de digerir a lactose. Todo
mundo que tem geneticamente uma intolerância, tem uma má absorção de lactose,
mas isso não causa sintomas sempre”, disse Barbuti. Há países, como o Japão, em
que praticamente toda a população tem essa característica.
O especialista
explica que geralmente os sintomas aparecem entre meia hora e uma hora depois
da ingestão do leite ou derivados, como chocolate, sorvetes, leite condensado,
creme de leite, iogurte, manteiga, pudins e queijos. Barbuti ressalta porém,
que isso depende do grau de intolerância à lactose e de quanta lactose tem o
alimento ingerido. “Queijos quanto mais duros, menos lactose. Um parmesão, por
exemplo, tem pouca lactose, enquanto um queijo mais mole tem mais lactose”
explicou o especialista.
O Iogurte, por
exemplo, tem menos lactose, já que o leite é fermentado e, no processo de
fermentação, as bactérias consomem a lactose.
Já para Simone
Rocha, nutricionista presidente da Associação de Nutricionistas do Distrito
Federal, outro fator que pode causar intolerância alimentar de qualquer tipo,
inclusive à lactose, é a superexposição a determinado alimento. “A
superexposição pode causar intolerância, porque você come tanto que o seu
organismo não consegue produzir enzimas para quebrar tudo”, explica Simone.
De acordo com
Barbuti, as pessoas estão tendo mais acesso ao diagnóstico de intolerância à
lactose. “O médico está mais atento a esse problema. O exame mais comum, que é
o teste sanguíneo, é de fácil execução e está mais disponível à população,
inclusive pelo SUS [Sistema Único de Saúde]”, avaliou o especialista. Ele conta
que existe ainda um teste genético, em que os genes do paciente são estudados
para saber se existe carga para a intolerância, porém este exame está
disponível em pouquíssimos lugares no Brasil.
O especialista
ressalta que existe diferença entre intolerância alimentar e alergia, que é uma
reação imunológica descontrolada do organismo a alguma substância.
Para quem tem
intolerância à lactose e faz questão de continuar consumindo derivados do
leite, Barbuti explica que existem no mercado comprimidos de lactase. No
Brasil, a lactase é encontrada apenas nas farmácias de manipulação, pois, de
acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a enzima
lactase é um medicamento de origem biológica. Em outros países, no entanto, a
enzima é considerada alimento e tem venda liberada em farmácias e
supermercados. Segundo a agência reguladora, ainda não há, no país, interesse
das empresas em desenvolver o produto para vendas nas farmácias.
Outra
alternativa para não passar mal ao ingerir derivados de leite são os
probióticos, “as bactérias do bem”, que quando tomadas continuamente podem
melhorar a digestão da lactose. Estes recursos são especialmente importantes
para mulheres que já passaram pelo período da menopausa e precisam ingerir
derivados do leite para absorverem cálcio.
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