O Coletivo Marcha da Maconha
distribuiu no fim da tarde de hoje (2) diversos tipos de drogas usadas no
cotidiano para protestar contra o Projeto de Lei (PL) 7663 de 2010. A proposta
que tramita na Câmara dos Deputados endurece a legislação que trata o crime de
tráfico e muda as formas de atendimento aos usuários. Na manifestação foi
fornecido cachaça, cigarros e aspirina a quem passava pelo Viaduto do Chá,
centro da capital paulista. “Hoje a gente está distribuindo drogas para
escancarar como esse acesso é muito facilitado, qualquer pessoa que quiser tem
acesso às drogas”, explicou uma das organizadoras do ato, a jornalista Gabriela
Moncau.
Entre as críticas do coletivo à
atual legislação de drogas, que pode ser endurecida com a aprovação do PL,
estão os critérios de classificação para definir que substâncias devem ser
ilegais. Segundo Gabriela, a definição de quais produtos podem ou não ser consumidos
não obedece critérios científicos e não tem embasamento na proteção da saúde
pública. “O álcool, por exemplo, é uma das drogas que causa maiores malefícios
para a o país, muito mais que o crack que tem esse discurso demoníaco
de epidemia, sem nenhum embasamento científico para dizer que existe uma
epidemia de crack”, disse.
Em
relação ao projeto de lei proposto pelo deputado Osmar Terra (PMDB-RS), o
panfleto distribuído no protesto aponta dez pontos considerados problemáticos.
Entre eles, está o aumento das possibilidades de aumento de pena para
indivíduos presos por tráfico, “fazendo subir o número de encarcerados no
país”. O texto também alega que a proposta “prioriza a internação” dos
usuários, enquanto no modelo atual a internação só é adotada em último caso.
Para
Gabriela, o discurso de demonização das drogas e de endurecimento das leis é
uma forma de tirar a atenção de outros problemas. “Você coloca todos os
problemas da humanidade em uma substância para fechar os olhos para outros
problemas. As pessoas que moram na rua, usam crack e incomodam a
sociedade tem uma série de outros problemas: eles não tem acesso a casa, a
saúde, a educação. Mais fácil você culpar uma substância só”, ressalta.
Ao passar pela manifestação, o
operador de telemarketing Marcos dos Santos aproveitou para pegar um cigarro.
Ele disse que parou no protesto para se informar sobre o tema, que acredita que
está ganhando importância na sociedade. “Existe uma grande polêmica em torno da
liberação da maconha. O movimento está crescendo e a população, querendo ou
não, vai ter de se envolver nessa história e dar a sua opinião”, opinou.
“Existem países de primeiro mundo em que a droga é liberada e eu não vejo
tantos problemas lá com eles”, finalizou.
O confeiteiro Valdomiro da Silva se
disse indiferente à polêmica da legalização das drogas. “Se legalizar, tanto
faz. Na rua estão usando de qualquer forma. Cada um é cada um, quem gosta de
usar usa. Quem não gosta, não usa”, disse.
Enquanto o prensista Josivaldo
Azevedo disse que só parou para pegar um panfleto porque achou que era uma
manifestação contra as drogas.
Agência Brasil
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