Estudo aponta que uma em cada seis estrelas
da galáxia teria um planeta rochoso pequeno na sua órbita
Ilustração do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, nos EUA, mostra os diferentes tipos de planetas que têm sido encontrados pelos astrônomos lgação/CfA/C. Pulliam & D. Aguilar |
Desde a descoberta do primeiro planeta extrassolar, em 1995, a busca por um que
seja parecido com a Terra e esteja na distância certa de sua estrela para ter
água líquida em sua superfície — condição considerada necessária para o
desenvolvimento da vida como conhecemos — tornou-se uma obsessão entre os
astrônomos e cativa a atenção do público. Agora, análise de dados coletados
pelo observatório espacial Kepler, lançado pela Nasa em 2009 tendo como um de
seus principais objetivos justamente procurar esta “Terra 2”, indica que só a
nossa galáxia, a Via Láctea, teria 17 bilhões de planetas rochosos com tamanho
entre 0,8 e 1,25 vez o da Terra orbitando suas estrelas a uma distância menor
que a de Mercúrio. Embora isso torne estes planetas quentes demais para serem
habitáveis, os cálculos indicam que eles são muito mais comuns do que se
imaginava, aumentando as chances de um estar na distância certa.
A estimativa foi apresentada nesta
terça-feira por François Fressin, do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian,
nos EUA, durante reunião da Sociedade Americana de Astronomia. Segundo Fressin,
o levantamento realizado pelo Kepler de uma pequena faixa do céu com cerca de
150 mil estrelas entre as constelações de Cygnus (Cisne) e Lira sugere que
cerca de 17% das estrelas da galáxia, ou uma em cada seis, têm planetas com o
tamanho aproximado da Terra com um período orbital inferior a 85 dias. E como a
Via Láctea tem pelo menos 100 bilhões de estrelas, o total na galáxia atinge a
cifra de 17 bilhões.
O Kepler faz sua busca pelo método
conhecido como trânsito, isto é, a passagem do planeta em frente à sua estrela
do ponto de vista da Terra. Dotado de um fotômetro hipersensível, o
observatório espacial é capaz de medir as ínfimas reduções que eles causam no
brilho de suas estrelas quando do trânsito. Para se ter uma ideia do quanto
isso é difícil, os trânsitos da Terra provocariam redução de menos de 0,001% no
brilho do Sol para um observador localizado fora do Sistema Solar. Assim, Fressin
decidiu calcular quantos planetas do tipo da Terra o Kepler estaria deixando
passar.
— Há toda uma lista de configurações
astrofísicas que podem imitar o sinal do trânsito de um planeta, mas, somadas,
elas respondem por um décimo do enorme número de candidatos a planeta
detectados pelo Kepler. Todos os outros sinais são de planetas de verdade —
afirma.
É importante notar que o levantamento do
Kepler indica apenas possíveis planetas, por isso o termo “candidatos”, que
devem então ter sua presença confirmada por novas observações com outros
telescópios e métodos. Além disso, só são considerados candidatos os planetas
que tiveram pelo menos três trânsitos observados pelo equipamento, o que até o
momento limita-os a corpos celestes com períodos orbitais curtos, e trânsitos
mais frequentes, como Mercúrio. Por fim, a própria natureza do método usado
pelo Kepler faz com que ele só detecte planetas cujo plano de sua órbita
atravesse a face da estrela de seu ponto de vista.
Com o tempo, porém, a expectativa é de que
os dados do Kepler comecem a indicar a existência de planetas do tamanho da
Terra em órbitas mais longas, isto é, mais distantes de suas estrelas. Isto é
considerado fundamental para encontrar a verdadeira “Terra 2”, já que para a
maior parte das estrelas é nestas distâncias que fica sua chamada “zona
habitável”, nem perto nem longe demais de forma que a temperatura na superfície
do planeta permita a existência de água em estado líquido. (Globo.com)
Mas a Terra não é habitável por estar na ''distância'' perfeita e sim pela atmosfera. Se não a tivessemos ( ela que retém calor do Sol ) A Terra seria fria como Marte.
ResponderExcluir