terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Via Láctea pode abrigar 17 bilhões de ‘Terras’


Estudo aponta que uma em cada seis estrelas da galáxia teria um planeta rochoso pequeno na sua órbita

Ilustração do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, nos EUA, mostra os diferentes tipos de planetas que têm sido encontrados pelos astrônomos lgação/CfA/C. Pulliam & D. Aguilar
Desde a descoberta do primeiro planeta extrassolar, em 1995, a busca por um que seja parecido com a Terra e esteja na distância certa de sua estrela para ter água líquida em sua superfície — condição considerada necessária para o desenvolvimento da vida como conhecemos — tornou-se uma obsessão entre os astrônomos e cativa a atenção do público. Agora, análise de dados coletados pelo observatório espacial Kepler, lançado pela Nasa em 2009 tendo como um de seus principais objetivos justamente procurar esta “Terra 2”, indica que só a nossa galáxia, a Via Láctea, teria 17 bilhões de planetas rochosos com tamanho entre 0,8 e 1,25 vez o da Terra orbitando suas estrelas a uma distância menor que a de Mercúrio. Embora isso torne estes planetas quentes demais para serem habitáveis, os cálculos indicam que eles são muito mais comuns do que se imaginava, aumentando as chances de um estar na distância certa.

A estimativa foi apresentada nesta terça-feira por François Fressin, do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian, nos EUA, durante reunião da Sociedade Americana de Astronomia. Segundo Fressin, o levantamento realizado pelo Kepler de uma pequena faixa do céu com cerca de 150 mil estrelas entre as constelações de Cygnus (Cisne) e Lira sugere que cerca de 17% das estrelas da galáxia, ou uma em cada seis, têm planetas com o tamanho aproximado da Terra com um período orbital inferior a 85 dias. E como a Via Láctea tem pelo menos 100 bilhões de estrelas, o total na galáxia atinge a cifra de 17 bilhões.

O Kepler faz sua busca pelo método conhecido como trânsito, isto é, a passagem do planeta em frente à sua estrela do ponto de vista da Terra. Dotado de um fotômetro hipersensível, o observatório espacial é capaz de medir as ínfimas reduções que eles causam no brilho de suas estrelas quando do trânsito. Para se ter uma ideia do quanto isso é difícil, os trânsitos da Terra provocariam redução de menos de 0,001% no brilho do Sol para um observador localizado fora do Sistema Solar. Assim, Fressin decidiu calcular quantos planetas do tipo da Terra o Kepler estaria deixando passar.
— Há toda uma lista de configurações astrofísicas que podem imitar o sinal do trânsito de um planeta, mas, somadas, elas respondem por um décimo do enorme número de candidatos a planeta detectados pelo Kepler. Todos os outros sinais são de planetas de verdade — afirma.

É importante notar que o levantamento do Kepler indica apenas possíveis planetas, por isso o termo “candidatos”, que devem então ter sua presença confirmada por novas observações com outros telescópios e métodos. Além disso, só são considerados candidatos os planetas que tiveram pelo menos três trânsitos observados pelo equipamento, o que até o momento limita-os a corpos celestes com períodos orbitais curtos, e trânsitos mais frequentes, como Mercúrio. Por fim, a própria natureza do método usado pelo Kepler faz com que ele só detecte planetas cujo plano de sua órbita atravesse a face da estrela de seu ponto de vista.

Com o tempo, porém, a expectativa é de que os dados do Kepler comecem a indicar a existência de planetas do tamanho da Terra em órbitas mais longas, isto é, mais distantes de suas estrelas. Isto é considerado fundamental para encontrar a verdadeira “Terra 2”, já que para a maior parte das estrelas é nestas distâncias que fica sua chamada “zona habitável”, nem perto nem longe demais de forma que a temperatura na superfície do planeta permita a existência de água em estado líquido. (Globo.com)

Um comentário:

  1. Mas a Terra não é habitável por estar na ''distância'' perfeita e sim pela atmosfera. Se não a tivessemos ( ela que retém calor do Sol ) A Terra seria fria como Marte.

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Dag Vulpi

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