Frei Betto diz que partido deveria
se manifestar ou na defesa de condenados ou apontando erros; ele quer votar em
Lula de novo
Amigo de Luiz Inácio Lula da Silva e
assessor especial da Presidência da República no primeiro mandato do petista no
Palácio do Planalto, o escritor Frei Betto não esconde o desejo de votar de
novo no ex-presidente, mas cobra uma posição mais clara do PT em relação às
denúncias que envolvem o partido.
Além do mensalão, cujo julgamento
foi concluído pelo Supremo Tribunal Federal na semana passada, a Operação Porto
Seguro, deflagrada pela Polícia Federal no mês passado, teve entre os alvos a
ex-chefe do gabinete da Presidência da República em São Paulo, Rosemary
Noronha, amiga íntima de Lula.
O frade dominicano se diz
"penalizado" pelas cenas do julgamento do mensalão no Supremo, mas
afirma que a direção petista deve esclarecer se erros foram cometidos e o que
foi feito para corrigi-los.
Coordenador de Mobilização Social do
Programa Fome Zero entre 2003 e 2004, o dominicano deixou o cargo por não
concordar com a política econômica adotada pelo governo Lula e para voltar a se
dedicar à literatura. Oito anos depois, Frei Betto critica o PT por "não
ter um projeto Brasil", mas, sim, "um projeto de poder".
No último mês, Lula sofreu desgastes
não só pela proximidade com Rose, denunciada pelo envolvimento com um esquema
de venda de pareceres técnicos, como pelas acusações do empresário Marcos
Valério Fernandes de Souza, condenado pelo Supremo a mais de 40 anos de prisão
por atuar como operador do mensalão.
Em 24 de setembro, em depoimento à
Procuradoria-Geral da República cujo teor foi revelado no início do mês pelo
Estado, Valério disse que parte do dinheiro do esquema pagou despesas pessoais
do ex-presidente e ele deu o "ok" para empréstimos do mensalão. Dois
dias depois, em uma palestra em Paris, Lula sugeriu que pode voltar a ser
candidato.
Como o sr. acompanhou o julgamento
do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal?
Acompanhei muito penalizado porque,
embora eu nunca tenha sido militante de nenhum partido político, nem do PT,
através da minha atividade pastoral eu ajudei a construir esse partido.
Gostaria que o partido viesse a público esclarecer se houve ou não houve culpa,
se houve ou não houve ações que faltaram à ética. Acho que está precisando de
uma palavra do partido a respeito de todos esses fatos que têm sido manchetes
na nossa imprensa.
As sucessivas críticas de dirigentes
do PT às condenações e ao julgamento não são suficientes para ter uma ideia do
que pensa o partido?
Não vou avaliar o partido, digo
minha opinião. As denúncias são graves e é preciso que o partido se manifeste,
ou na defesa (dos acusados) ou dizendo se realmente houve falhas e que medidas
serão tomadas.
O julgamento do mensalão é um marco
no combate à corrupção no País?
Só o tempo dirá. O resto é apenas
achismo.
(O Estado de S.Paulo)
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