Segundo ministro, magistrado o
procurou antes de ser indicado ao Supremo e afirmou que 'tomaria posição muito
clara' no mensalão
O ministro Gilberto Carvalho
(Secretaria-Geral da Presidência) afirmou que, antes de ser indicado ao Supremo
Tribunal Federal, o ministro Luiz Fux o procurou e disse que o processo do
mensalão "não tinha prova nenhuma" e que "tomaria uma posição
muito clara". As declarações de Carvalho foram dadas ao programa É
Notícia, exibido no fim da noite de ontem pela Rede TV.
"Ele foi falar comigo também e,
sem que eu perguntasse nada, ele falou para mim o que falou para os outros: que
ele tinha estudado o processo, que o processo não tinha prova nenhuma, que era
um processo sem fundamento e que ele tomaria uma posição muito clara",
afirmou Carvalho.
Primeiro nome indicado ao Supremo
pela presidente Dilma Rousseff, em 2011, Fux tornou-se alvo nos bastidores de
petistas insatisfeitos com o modo como votou no julgamento do mensalão. O
ministro foi o que mais acompanhou os posicionamentos do relator do processo, o
hoje presidente do STF, Joaquim Barbosa.
No início do mês, em entrevista ao
jornal Folha de S. Paulo, Fux contou que buscou apoio até do ex-ministro José
Dirceu, na época réu no processo do mensalão, para ser indicado ao Supremo.
Também foram procurados os ex-ministros Antonio Palocci e Delfim Netto e o
líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), João Pedro Stédile, além
do peemedebista Sérgio Cabral, governador do Rio, Estado natal de Fux.
Nessa entrevista, Fux negou ter
prometido a algum réu que votaria pela absolvição e disse que leu o processo do
mensalão em julho - e não antes de ser indicado, como declarou ontem Carvalho.
"Havia essa manifestação cotidiana e recorrente de que não havia
provas", afirmou Fux. "Eu pensei que realmente não tivesse (provas).
Quando fui ler o processo, no recesso (em julho), verifiquei que tem prova. Eu
fiquei estarrecido."
Reformas. Em outro trecho do
programa de ontem, Carvalho disse considerar "uma hipocrisia" as
críticas de quem ataca "violentamente" o PT e, ao mesmo tempo, é
contrário ao financiamento público de campanha. Para o ministro, o sistema atual,
com doações privadas, "é o indutor da corrupção".
Carvalho afirmou que Dilma Rousseff
e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vão trabalhar pela reforma política
no início de 2013. "Eu tenho clareza que nós vamos fazer essa proposta no
começo do ano", disse o ministro. Segundo ele, Dilma vai "apoiar
fortemente e bancar politicamente essa reforma".
Ao ser questionado sobre o recente
escândalo revelado pela Operação Porto Seguro, da Polícia Federal, Carvalho
reconheceu que houve "baixa exigência" na escolha de nomes para
cargos de direção nas agências reguladoras. O esquema desmantelado pela PF
envolvia diretores desses órgãos, que negociavam pareceres técnicos com
empresas.
"Esse caso das agências
reguladoras, eu concordo, nós tivemos um critério de baixa exigência para
colocar ali. Falhou o filtro", afirmou Carvalho. "Não tivesse
falhado, não tinha havido o que aconteceu. É muito doloroso para nós vermos
companheiros nossos que foram se enriquecendo ao longo desses anos. Claro que
teve erro."
Ao falar de eleições, Carvalho
defendeu apoio do PT ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), para a
disputa presidencial de 2018. "Eu não acho que é um cenário absurdo",
disse. "Pode ser maturidade do PT convidar outro partido para ser cabeça
de chapa e voltar para a planície."
O Estado de S.Paulo
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