As cinco maiores centrais sindicais do país criticaram, em nota conjunta, a decisão da bancada governista de adiar a votação do projeto de lei que extingue o fator previdenciário (Fator Previdenciário – O que é, Como funciona). Apesar do apoio de diversos líderes, a matéria não foi incluída na pauta de votação da Câmara dos Deputados, na sessão da última quarta-feira (28), e agora não tem prazo para ser novamente apreciada.
“Não entendemos o porquê da
insistência em manter o bloqueio à votação dessa reivindicação tão importante
para os trabalhadores e trabalhadoras do país, que têm sido vítimas desse
mecanismo injusto, que contribui para exclusão”, diz a nota, assinada pela
Central Única dos Trabalhadores (CUT), Força Sindical, Central dos
Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), União Geral dos Trabalhadores
(UGT) e Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST).
Sem o aval do Palácio do Planalto, o
líder do governo Arlindo Chinaglia (PT-SP) não concordou em colocar o projeto
entre as matérias a serem votadas, apesar da pressão dos trabalhadores e
aposentados que foram à Câmara dos Deputados pedir a apreciação da
proposta. Ele se comprometeu a discutir o assunto com o governo.
As centrais destacam que a
Previdência Social brasileira é um dos maiores instrumentos de distribuição de
renda e de combate à desigualdade de que dispõe o país. “A atitude do governo
não faz jus ao slogan [do governo Dilma Rousseff] 'País Rico É País
sem Pobreza'”, segundo outro trecho da nota.
De acordo com o documento, o fim do
fator previdenciário é umas das prioridades da pauta dos trabalhadores, e vem
sendo negociada pelas centrais com o governo desde 2007. “Apesar de
termos proposto diversas alternativas para solucionar os impasses surgidos e chegado
ao acordo da fórmula 85/95, o governo vem sistematicamente bloqueando a votação
dessa matéria no âmbito da Câmara Federal [Câmara dos Deputados]”.
As centrais ressaltam ainda que vão
manter a mobilização e pressão para que os deputados votem a proposta ainda em
2012. “As centrais reivindicam que o governo se disponha a sentar novamente à
mesa de negociação para desbloquear a votação no Congresso Nacional até o final
deste ano, tendo em vista que o tema já foi acordado anteriormente”.
Criado durante o governo do
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o fator previdenciário tinha o
objetivo de estimular os trabalhadores a permanecer no mercado de trabalho. O
dispositivo reduz o valor das aposentadorias de quem se aposenta por tempo de serviço
antes de atingir 60 anos, no caso das mulheres, e 65 anos para os homens. O fim
do fator chegou a ser aprovado pelo Congresso, mas foi vetado pelo então
presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“A atitude do governo foi tomada por
análise econômica. Nós não temos concordância com esse tipo de análise,
inclusive porque não é debatido com a sociedade”, disse o presidente da CUT,
Vagner Freitas. “[O governo] deixa de colocar em execução uma política
social importantíssima para os trabalhadores, que são a principal base de
sustentação desse governo”, acrescentou.
Entre as propostas defendidas pelas
centrais para a substituição do fator previdenciário está adoção da regra do
85/95. O mecanismo condiciona a aposentadoria à soma do tempo de contribuição à
Previdência e à idade do beneficiado.
No caso dos homens, por exemplo,
serão necessários, no mínimo, 35 anos de contribuição e 60 de idade,
totalizando 95, para que o trabalhador se aposente com o teto do benefício pago
pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Para as mulheres, a soma do
tempo de contribuição com a idade tem que atingir 85.
(Agencia Brasil)
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