Por
Eliakim Araujo
Urinar
em corpos de afegãos mortos, matar inocentes aldeões daquele país pelo simples
prazer de matar, metralhar do helicóptero um grupo de civis iraquianos
desarmados, incluindo dois jornalistas, violentar soldadas, torturar presos...
esses são os pecados cometidos pelos militares norte-americanos em suas
aventuras pelo mundo. Mas tudo isso virou café pequeno perto do baita
escândalo envolvendo, por enquanto, dois generais quatro estrelas dos Estados
Unidos e duas fogosas mulheres, ambas ligadas à comunidade de informações.
Se
deprimente por um lado, a trama é fantástica do ponto de vista jornalístico,
porque envolve traição, sexo e espionagem, com poderosos personagens do
militarismo americano. O mais respeitado general quatro estrelas dos Estados
Unidos, ex-comandante das tropas no Iraque e no Afeganistão, em seguida,
diretor-geral da CIA, caiu em tentação e sua brilhante carreira militar
desmoronou como um castelo de cartas.
Casado
há 37 anos, o herói fardado David Petraeus (60 anos), não resistiu aos encantos
de uma mulher, Paula Broadwell (foto), casada, 40 anos e mãe de dois filhos,
que durante seis anos esteve muito próxima dele, enquanto escrevia sua
biografia.
Da
intimidade entre personagem e biógrafa surgiu o romance inimaginável em se
tratando de Petraeus, tão respeitado por sua seriedade e competência em
assuntos de guerra, que chegou a ser cogitado levemente, lá atrás, para a
presidência dos EUA.
Mas
o romance entre o general e sua biógrafa teria ficado entre as quatro paredes
do quarto em que se encontravam, nos EUA ou no Afeganistão, não fosse a
aproximação de outra mulher, Jill Kelley, de 37 anos.
Aparentemente,
Petraeus e Kelley, também casada, não tiveram um relacionamento íntimo, seriam
amigos do tempo em que trabalharam juntos em um comando militar em Tampa,
Flórida.
Mas,
por algum motivo, Paula passou a ver em Kelley uma possível rival no coração do
general. E tratou de afastá-la, mas o fez de maneira errada, através de e-mails
ameaçadores, do tipo “afaste-se dele”, “ele é meu”. Kelley foi ao FBI e disse
que alguém a estava ameaçando.
Daí
em diante foi nitroglicerina pura. Os investigadores chegaram aos emails de
Paula e, em seguida, aos de Petraeus. O FBI encostou o general na parede e
avisou: é melhor você tomar a inicativa de se demitir, porque a bomba vai
estourar na sua mão.
E
lá se foi o pequeno Petraeus – repararam como é baixinho e magrinho – para o
cadafalso. Confessou seu pecado e pediu desculpas pela traição “à família e ao cargo de confiança na CIA”.
Quando
se pensava que o episódio estava, até certo ponto, controlado, eis que o FBI
faz nova descoberta. Desta vez envolvendo outro general quatro estrelas, John
Allen, comandante geral das tropas aliadas no Afeganistão, que substituiu
Petraeus quando este se aposentou no ano passado e assumiu a chefia da CIA.
Allen,
este sim, seria amigo íntimo de Jill Kelley. O FBI interceptou centenas de
emails trocados entre os dois, por enquanto taxados apenas de “correspondência
imprópria”. O FBI faz questão de afirmar que não há nenhuma acusação
formal contra o general Allen, mas deixou escapar que há entre 20 mil e 30 mil
páginas de documentos relacionados a e-mails trocados entre os dois. A Casa
Branca desmente, mas Allen pode ser o próximo a cair.
O
glorioso exército de Tio Sam, como visto nas produções hollywoodianas, está
caindo de podre em seu comando e no comportamento de muitos de seus soldados
que matam e morrem em guerras das quais nem sabem os motivos.
E
pensar que durante décadas os homossexuais só poderiam entrar nas forças
armadas se mantivessem segredo sobre sua orientação sexual, porque os generais
achavam que isso seria uma suprema vergonha para a hierarquia militar.
Argumentavam: “ora, onde já se viu um
soldado homem receber ordens de um homossexual?”.
Via
Redação
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