Recém-eleito melhor deputado federal
do ano, Jean Wyllys afirma que foi premiado, entre outras razões, porque
"trabalha". E critica quem acha que famosos não podem se candidatar
Jean Wyllys: Eu trabalho, acho que isso que agrada. Em alguns momentos, certas pessoas e certos setores tentam me estigmatizar com a pauta LGBT, mas eu também defendo amplamente os direitos humanos e liberdades individuais. Meu trabalho envolve os direitos dos povos indígenas, educação para diversidade, enfrentamento do racismo e do estigma de pessoas com doenças raras. Essas questões são mais amplas. Além disso, existe o trabalho com o movimento social de fiscalização do executivo através de políticas públicas. Tenho um mandato amplo e acho que isso agradou às pessoas. Embora eu represente o Rio de Janeiro, sou um deputado federal e trabalho pela federação.
Wyllys: O reality show me tornou popular e trouxe uma empatia com as pessoas que acabaram se interessando pelo meu histórico de vida. Eu acho legítimos os casos dos famosos. A constituição garante a todo cidadão o direito de concorrer e representar a sociedade. O povo é soberano e vai decidir. Não vejo problema. Da mesma maneira que pensaram que analfabetos e mulheres não deveriam votar, hoje se pensa que os famosos não podem se candidatar.
Wyllys: Acho que a minha atuação melhora a imagem da política. Iniciativas como a do Congresso em Foco são boas, também, porque a grande imprensa só dá destaque a escândalos de corrupção e generaliza o comportamento de um político corrupto. Claro que nós temos responsabilidade, mas também acho que estou cumprindo muito bem a minha parte. A imprensa também deveria abrir mais espaço para atuações positivas na Câmara dos Deputados. Falta também política pública de educação. A educação básica tem de incorporar a ideia de que nós somos atores políticos não só na hora do voto, mas no dia a dia em cobrar, mandar críticas, participar.
Wyllys: Eu saí do ativismo do movimento social de pressionar o poder público e me tornei o poder público. Você tem que entender que o deputado não necessariamente tem a solução. A política é um enfrentamento, um debate, uma luta mesmo. E por mais que um deputado queira, às vezes ele se torna impotente porque ele não pode agir sozinho. Eu descobri minhas limitações.
Wyllys: Ainda tem muita coisa pela frente: o casamento civil igualitário, a proposta da lei Gabriela Leite, que regulamenta a prostituição e distingue de exploração sexual, dando direitos trabalhistas aos profissionais do sexo. Estou na maior expectativa para ela ser aprovada. Tem o projeto da criminalização da homofobia que está no Senado e a lei de identidade de gênero, que é fundamental para transexuais.
O deputado Jean Wyllys: "Da mesma maneira que pensaram que analfabetos e mulheres não deveriam votar, hoje se pensa que os famosos não podem se candidatar" |
São Paulo – O deputado federal Jean
Wyllys não é simplesmente deputado federal. Ou pelo menos é isso que ele
costuma dizer. “Eu não sou. Eu estou deputado federal”, brinca o parlamentar e
mestre em Letras em entrevista por telefone a EXAME.com.
No currículo, atividades tão
diversificadas quanto as de professor universitário, jornalista, escritor e
ainda vencedor da quinta edição do reality show global Big Brother Brasil.
Agora, mais um prêmio na carreira: venceu nesta semana a votação online no
site Congresso em Foco e foi eleito o melhor deputado federal de 2012.
“Vencer pelo voto popular me deixou
muito feliz. Não me envaidece, mas me deixa com um senso de responsabilidade
muito grande”, diz o deputado, que já estava na lista dos 25 melhores políticos
da Casa feita por jornalistas que cobrem a Câmara dos Deputados.
Descontraído, Wyllys respondeu às
perguntas de EXAME.com entre uma ponte aérea e outra, e revelou que aprendeu,
desde eleito, que o poder de um deputado tem "limitações".
EXAME.com: A eleição foi com base no
voto do internauta. O que o senhor acha que tem feito para agradar tanto a
população?
Jean Wyllys: Eu trabalho, acho que isso que agrada. Em alguns momentos, certas pessoas e certos setores tentam me estigmatizar com a pauta LGBT, mas eu também defendo amplamente os direitos humanos e liberdades individuais. Meu trabalho envolve os direitos dos povos indígenas, educação para diversidade, enfrentamento do racismo e do estigma de pessoas com doenças raras. Essas questões são mais amplas. Além disso, existe o trabalho com o movimento social de fiscalização do executivo através de políticas públicas. Tenho um mandato amplo e acho que isso agradou às pessoas. Embora eu represente o Rio de Janeiro, sou um deputado federal e trabalho pela federação.
EXAME.com: O senhor se tornou muito
conhecido depois do Big Brother Brasil de 2005. O que pensa sobre esse fenômeno
de legisladores famosos?
Wyllys: O reality show me tornou popular e trouxe uma empatia com as pessoas que acabaram se interessando pelo meu histórico de vida. Eu acho legítimos os casos dos famosos. A constituição garante a todo cidadão o direito de concorrer e representar a sociedade. O povo é soberano e vai decidir. Não vejo problema. Da mesma maneira que pensaram que analfabetos e mulheres não deveriam votar, hoje se pensa que os famosos não podem se candidatar.
Há gente famosa bem intencionada. O
Romário é um bom exemplo. Ele entrou na política por uma causa nobre, de
defender as pessoas com síndrome de Down, que é a causa da vida dele e está
fazendo um mandato bacana. A mesma coisa que o Tiririca, que embora tenha a
campanha baseada na ignorância, com aqueles slogans de “pior que tá não fica” -
que eu não concordo - chegou lá e está cumprindo um papel. A gente não pode
deixar nossos preconceitos impedirem a renovação.
EXAME.com: Por que o senhor acha que
o povo tem tanta aversão à política e aos políticos brasileiros? Como melhorar
a imagem do Congresso?
Wyllys: Acho que a minha atuação melhora a imagem da política. Iniciativas como a do Congresso em Foco são boas, também, porque a grande imprensa só dá destaque a escândalos de corrupção e generaliza o comportamento de um político corrupto. Claro que nós temos responsabilidade, mas também acho que estou cumprindo muito bem a minha parte. A imprensa também deveria abrir mais espaço para atuações positivas na Câmara dos Deputados. Falta também política pública de educação. A educação básica tem de incorporar a ideia de que nós somos atores políticos não só na hora do voto, mas no dia a dia em cobrar, mandar críticas, participar.
EXAME.com: Esse já é o seu segundo
ano de mandato. Houve alguma mudança na maneira como o senhor vê a política e a
maneira de se fazer política?
Wyllys: Eu saí do ativismo do movimento social de pressionar o poder público e me tornei o poder público. Você tem que entender que o deputado não necessariamente tem a solução. A política é um enfrentamento, um debate, uma luta mesmo. E por mais que um deputado queira, às vezes ele se torna impotente porque ele não pode agir sozinho. Eu descobri minhas limitações.
EXAME.com: Quais são seus próximos
projetos na sua carreira política, tanto como deputado e após o fim do seu
mandato?
Wyllys: Ainda tem muita coisa pela frente: o casamento civil igualitário, a proposta da lei Gabriela Leite, que regulamenta a prostituição e distingue de exploração sexual, dando direitos trabalhistas aos profissionais do sexo. Estou na maior expectativa para ela ser aprovada. Tem o projeto da criminalização da homofobia que está no Senado e a lei de identidade de gênero, que é fundamental para transexuais.
Agora, quando acabar, vou te dizer
que eu fico dividido entre minhas questões pessoais e minhas responsabilidades
públicas. Esse mandato tem um efeito positivo na vida das pessoas e elas querem
que eu continue. Ao mesmo tempo, eu sou uma pessoa e as coisas me afetam, como
a difamação, as ofensas, as ameaças de morte que eu sofri. Minha família sofre
com isso. Vou te dizer que eu ainda não decidi se vou me candidatar em 2014.
Mas se não me candidatar ou se não for eleito, vou continuar no ativismo.
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