Dilma
tem mais de 200 programas para municípios, mas estímulos à economia têm drenado
o dinheiro que deveria ir para as cidades
Os
prefeitos eleitos na atual campanha tomarão posse em janeiro com um
"programa de governo" elaborado pela presidente Dilma Rousseff.
Caberá aos gestores municipais conduzir mais de 200 programas da União, função
que exige cada vez mais esforço e mais dinheiro. Ao mesmo tempo, num cenário de
crise financeira mundial, as medidas de estímulo à economia adotadas em
Brasília drenam recursos que normalmente irrigariam os cofres municipais.
Diante
desse cenário, a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), que representa
prefeituras de todo o País, vem confrontando o governo federal, em busca de
mais recursos e menos obrigações. A equipe presidencial diz que a situação
financeira não é tão ruim assim e que os programas federais servem de
"norte" para os futuros gestores.
De
acordo a CNM, os municípios aguardam R$ 18,7 bilhões em restos a pagar
atrasados. Esse dinheiro não existe nos cofres da União, mas foi marcado como
gasto nos orçamentos federais desde 2002, sem o respectivo repasse às
prefeituras. Na maioria dos casos, ressalta a CNM, são verbas para obras que
foram iniciadas e acabaram onerando mais ainda os cofres municipais porque o
prefeito tende a bancar a parte da União para terminar os empreendimentos.
Compromisso. "Os
prefeitos precisam administrar a falta de compromisso do governo federal, que
coloca em suas costas iniciativas e programas, criando uma ansiedade no
município e, consequentemente, pressionando o prefeito", disse Paulo
Ziulkoski, presidente da CNM.
Além
disso, o endividamento dos municípios oscila em torno de R$ 73 bilhões, sendo
R$ 50 bilhões em dívidas de curto prazo e R$ 23 bilhões em obrigações
previdenciárias atrasadas.
O
Palácio do Planalto contesta o cenário de crise nas finanças municipais.
Segundo a ministra das Relações Institucionais (SRI), Ideli Salvatti, os
repasses de programas sociais e outras medidas ajudam a impulsionar o comércio
local. Os prefeitos também ganhariam politicamente, porque quando as obras
estão prontas ganham crédito pelo projeto e, se der errado, a culpa é da União,
completou Ideli.
"Para
nós é uma questão estratégica. Desde o presidente Lula, e com a presidente
Dilma, a maior parte dos programas são feitos em parceria entre governos
estaduais e prefeituras", disse a ministra. "A eficácia dos programas
tem de ter a eficiência do ente federado lá na ponta."
A
equipe de Ideli preparou um catálogo com os 220 programas do governo federal,
mantidos pelos municípios. O material está no site da SRI, com publicações que
orientam os atuais gestores sobre o que precisam fazer para deixar as contas em
ordem e as exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal. Outra cartilha
orientará os eleitos sobre suas obrigações a partir de 2013.
Desonerações. Outro
fator que pesa nas finanças dos municípios, mas dificilmente será alterado pelo
governo federal, diz respeito a desonerações. Ao reduzir tributos para
estimular a economia, o Ministério da Fazenda avança sobre impostos que compõem
a base de cálculo do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), como o corte
de IPI de automóveis.
Para
a ministra Ideli Salvatti, no entanto, essa questão deve ser encarada como
acessória. "O que mais afeta a população é emprego e renda. Com as
desonerações, garantimos o emprego e aumentamos os investimentos das empresas,
que também elevam os salários de seus funcionários.
Além
disso, a política de aumentos consistentes do salário mínimo "tem
fortalecido a economia. O Nordeste tem crescido a níveis chineses e não foi por
causa do FPM", rebate Ideli.
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