Barbosa condenou Dirceu, Delúbio e Genoino por corrupção ativa |
Gustavo Gantois
O
advogado José Luis de Oliveira Lima, que defende o ex-ministro José Dirceu na
ação penal do mensalão, protocolou nesta quinta-feira novo memorial no
qual rebate os argumentos do relator Joaquim Barbosa. Na sessão de ontem no
Supremo Tribunal Federal (STF), o relator condenou Dirceu por corrupção ativa,
apontando o ex-ministro como personagem central do esquema de compra de apoio
político ao primeiro mandato do ex-presidente Lula.
Na
petição, Oliveira Lima critica a validade do depoimento do ex-deputado Roberto
Jefferson, utilizado por Barbosa como uma das evidências mais contundentes da
participação de Dirceu no valerioduto. "Os autos provam que Jefferson
somente criou suas denúncias contra Dirceu após ser flagrado em episódio de
corrupção nos Correios", cita o advogado, lembrando o caso envolvendo o
flagrante recebimento de propina pelo ex-funcionário da estatal Maurício
Marinho, ligado ao PTB de Jefferson.
O
advogado também tece críticas a outros depoimentos utilizados por Joaquim
Barbosa em seu voto, como os de Plauto Gouveia (vice-presidente do Banco
Rural), Renilda Santiago (mulher de Marcos Valério), Maria Angêla Saragoça
(ex-mulher de Dirceu) e José Borba (ex-deputado e réu condenado do
mensalão). Para Oliveira Lima, os depoimentos foram pinçados e manipulados para
que dessem forma ao voto do relator.
O
documento também rebate as acusações de que Dirceu teria sido o mentor dos
empréstimos feitos pelas agências de Marcos Valério junto ao Banco Rural,
declarados fraudulentos pelos ministros do Supremo Tribunal Federal
(STF). Em seu voto, Barbosa afirmou que Dirceu promoveu reuniões com a
diretoria do Rural, com a participação de Valério e do ex-tesoureiro do PT Delúbio
Soares, para tratar dos recursos.
"Restando
devidamente comprovado que José Dirceu desconhecia os empréstimos, é inválida a
criação de qualquer paralelo entre as datas das audiências oficiais e a
concessão dos financiamentos bancários", conclui Oliveira Lima.
Segundo
o advogado, Barbosa teria norteado seu voto tendo no horizonte a viagem feita
por Marcos Valério, Rogério Tolentino e Emerson Palmieri a Portugal.
Segundo Jefferson, a viagem teria como objetivo arrecadar dinheiro para o
esquema. Oliveira Lima, no entanto, afirma que o ministro não levou em conta os
depoimentos contraditórios prestados pelo presidente do grupo Espírito Santo,
Ricardo Espírito Santo; pelo presidente da Portugal Telecom, Miguel Horta e
Costa; e pelo então ministro das Telecomunicações de Portugal, Antônio Mexia.
Oliveira
Lima também acusa Joaquim Barbosa de ter utilizado um trecho do depoimento de
Palmieri que não foi confirmado durante o processo judicial, o que
inviabilizaria sua utilização como prova. "A absurda afirmação de
Palmieri, lida no voto do Exmo. Relator, no sentido de que José Genoino telefonava
para Dirceu buscando autorização para fechar acordos, não foi pronunciada em
seu depoimento policial e nem mesmo em seu interrogatório judicial. É um
depoimento não confirmado tanto na fase policial como na judicial!",
aponta o advogado.
O mensalão do PT
Em
2007, o STF aceitou denúncia contra os 40 suspeitos de envolvimento no suposto
esquema denunciado em 2005 pelo então deputado federal Roberto Jefferson (PTB)
e que ficou conhecido como mensalão. Segundo ele, parlamentares da base aliada
recebiam pagamentos periódicos para votar de acordo com os interesses do
governo Luiz Inácio Lula da Silva. Após o escândalo, o deputado federal José
Dirceu deixou o cargo de chefe da Casa Civil e retornou à Câmara. Acabou sendo
cassado pelos colegas e perdeu o direito de concorrer a cargos públicos até
2015.
No
relatório da denúncia, a Procuradoria-Geral da República apontou como
operadores do núcleo central do esquema José Dirceu, o ex-deputado e ex-
presidente do PT José Genoino, o ex-tesoureiro do partido Delúbio
Soares, e o ex- secretário-geral Silvio Pereira. Todos foram denunciados por
formação de quadrilha. Dirceu, Genoino e Delúbio respondem ainda por corrupção
ativa.
Em
2008, Sílvio Pereira assinou acordo com a Procuradoria-Geral da República para
não ser mais processado no inquérito sobre o caso. Com isso, ele teria que
fazer 750 horas de serviço comunitário em até três anos e deixou de ser um dos
40 réus. José Janene, ex-deputado do PP, morreu em 2010 e também deixou de
figurar na denúncia.
O
relator apontou também que o núcleo publicitário-financeiro do suposto esquema
era composto pelo empresário Marcos Valério e seus sócios (Ramon Cardoso,
Cristiano Paz e Rogério Tolentino), além das funcionárias da agência SMP&B
Simone Vasconcelos e Geiza Dias. Eles respondem por pelo menos três crimes:
formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
A
então presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os diretores José Roberto
Salgado, Vinícius Samarane e Ayanna Tenório foram denunciados por formação de
quadrilha, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. O publicitário Duda
Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, respondem a ações penais por lavagem de
dinheiro e evasão de divisas. O ex-ministro da Secretaria de Comunicação
(Secom) Luiz Gushiken é processado por peculato. O ex-diretor de Marketing do
Banco do Brasil Henrique Pizzolato foi denunciado por peculato, corrupção
passiva e lavagem de dinheiro.
O
ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responde a processo por
peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A denúncia inclui ainda
parlamentares do PP, PR (ex-PL), PTB e PMDB. Entre eles o próprio delator,
Roberto Jefferson.
Em
julho de 2011, a Procuradoria-Geral da República, nas alegações finais do
processo, pediu que o STF condenasse 36 dos 38 réus restantes. Ficaram de fora
o ex-ministro da Comunicação Social Luiz Gushiken e do irmão do ex-tesoureiro
do Partido Liberal (PL) Jacinto Lamas, Antônio Lamas, ambos por falta de
provas.
Via portal Terra
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