O Plano Nacional de
Educação (PNE), aprovado por unanimidade em junho pela comissão
especial que analisou a matéria, deverá ir ao plenário da Câmara. Um recurso de
autoria do líder do governo Arlindo Chinaglia (PT-SP) para que o projeto seja
votado no plenário da Casa antes de seguir para o Senado já conta com a
assinatura de 122 parlamentares – o mínimo para que o requerimento seja
apreciado são 51 deputados.
O PNE estabelece 20
metas educacionais que o país deverá atingir no prazo de dez anos. A principal
delas, alvo de muita polêmica durante a longa tramitação do projeto, é a que
estabelece um patamar mínimo de investimento em educação – atualmente o Brasil
aplica 5,1% do Produto Interno Bruto (PIB) na área. O governo defendia um
índice de 7,5% do PIB, mas os deputados da comissão especial aprovaram a meta
de 10% do PIB.
As 122 assinaturas
estão sendo conferidas pela Mesa da Câmara porque pode haver divergências ou
duplicatas. Há ainda a possibilidade de parlamentares retirarem o apoio ao
recurso. Se for atingido o mínimo de 51 deputados, o requerimento precisa ser
aprovado no plenário. Caso seja aprovado, todos os 513 deputados deverão
analisar e votar o projeto antes que ele possa seguir para o Senado.
De acordo com a
Secretaria de Relações Institucionais (SRI) da Presidência da República, que
articulou a aprovação do recurso, o objetivo de levar o PNE a plenário é fazer
com que o debate seja ampliado já que o tema é importante “e envolve muitos
recursos” para ser discutido apenas por uma comissão especial com 16 deputados.
A SRI questiona o fato de que o PNE não aponta de onde virão os novos recursos
que vão bancar a ampliação do investimento e esse tópico precisa ser mais
discutido.
O último PNE esteve em
vigência entre 2001 e 2010. Atualmente o país não tem um plano em vigor, já que
o texto do novo PNE foi enviado para a Câmara em dezembro de 2010 e só aprovado
em junho de 2012. Para a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, uma das
entidades da sociedade civil que participou de forma mais ativa da tramitação
do plano, a ida do projeto ao plenário é uma “irresponsabilidade” dos deputados
porque atrasa ainda mais a implantação das estratégias e o cumprimento das
metas.
“A maior parte dos
deputados assinaram sem conhecer a matéria, isso é uma irresponsabilidade comum
no Congresso Nacional, o parlamentar assinar um requerimento a pedido do
governo sem nem ler. Aqueles que mantiverem o apoio ao recurso terão seus nomes
divulgados como parlamentares que protelaram a aprovação de um projeto que foi
discutido por todos os partidos e aprovado por unanimidade”, criticou o
coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara.
Para Cara, caso o
projeto vá a plenário não apenas a questão do financiamento pode ser mudada,
mas também outros pontos do plano que foram negociados e debatidos com a
sociedade civil na comissão especial. A entidade irá tentar dissuadir os
deputados para que o requerimento não seja aprovado."Levar o PNE ao
plenário é atrasar os rumos da educação para milhões de brasileiros".
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