Segundo
novo estudo, mudança radical de hábitos será necessária para garantir a
segurança alimentar da população mundial, que deverá chegar a 9 bilhões em 2050
Diariamente, um bilhão de mulheres, homens e crianças vão dormir com fome,
enquanto 10 milhões morrem por desnutrição a cada ano. Se ainda hoje o mundo
não conseguiu sanar esse mal, que afeta um em cada sete de seus habitantes,
como é que vamos alcançar a segurança alimentar para uma população
que em 2050 chegará a 9 bilhões de pessoas?
Um
novo estudo mostra que a solução para evitar uma catástrofe alimentar passará
por uma mudança quase completa de uma dieta a base de carne para uma mais
centrada em vegetais. E isso deverá acontecer por um único motivo: a escassez
de água. É o que aponta o relatório “Alimentando um mundo sedento:
Desafios e Oportunidades para a segurança hídrica e alimentar”, divulgado ontem
na Suécia, por ocasião da Semana Mundial da Água.
A
análise mostra que não haverá água suficiente para alcançar a produção esperada
em 2050 se seguirmos com a dieta característica dos países ocidentais em que a
proteína animal responde por pelo menos 20% das calorias diárias consumidas por
um indivíduo.
Na
ponta do lápis, de acordo com os cientistas, a adoção de uma dieta vegetariana
é atualmente uma opção para aumentar a quantidade de água disponível para
produzir mais alimentos e reduzir os riscos de desabastecimento em um mundo que
sofre com extremos do clima, como a seca histórica que afeta os Estados Unidos.
O motivo é que a dieta vegetariana consome de cinco a dez vezes menos água que
a de proteína animal – que hoje demanda um terço das terras aráveis do mundo só
para o cultivo de colheitas para alimentar os animais.
“A
capacidade de um país de produzir alimentos é limitada pela quantidade de água
disponível em suas áreas de cultivo”, ressalta um trecho do relatório, que
alerta sobre a pressão atual e crescente sobre esse recurso natural usado de
forma cada vez mais insustentável. Segundo previsões da FAO (Organização das
Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, da sigla em inglês), será necessário
aumentar a produção de alimentos em 70% nos próximos 40 anos para atender à
demanda. Isto colocará uma pressão adicional sobre os nossos hídricos, num
momento em que precisaremos também alocar mais água para satisfazer a demanda
global de energia, que deverá crescer 60% em três décadas, salientam os
cientistas.
Estresse
hídrico
Um
outro estudo divulgado em maio pela consultoria britânica Maplecroft
mostrou que o mundo já vive um “estresse hídrico” e que a falta de acesso à
água potável vem pesando sobre os países mais pobres ou marcados por histórico
de conflitos militares, instabilidades políticas e sociais. Segundo o
levantamento, os países do Oriente Médio e África são os mais vulneráveis à
falta de água. Nessas regiões, cada gota pode emergir como uma nova fonte de
instabilidade.
Em
alguns dos maiores produtores de petróleo do mundo, como Kwait e Arábia
Saudita, a escassez de água vem se tornando crítica há gerações. Primeiro
colocado na lista de 10 países em “risco extremo” de falta d´água,
Bahrein, no Golfo Pérsico, usa águas subterrâneas para a prática da
horticultura, porém, em quantidade insuficiente para atender toda a população.
A deterioração dos lençóis subterrâneos de água já é uma das principais preocupações
nacionais
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