O governo brasileiro
não foi comunicado da intenção do Paraguai de suspender o repasse de energia
excedente da Hidrelétrica de Itaipu para o Brasil e a Argentina.
As autoridades
brasileiras rebatem a informação que a energia seja “cedida” ao Brasil, como
disse o presidente paraguaio, Federico Franco.
O porta-voz do
Ministério das Relações Exteriores, embaixador Tovar Nunes, afirmou hoje (9)
que a energia de Itaipu é paga. “Não existe cessão de energia, ela é comprada.
Essa energia, o Brasil não tem de graça”, disse.
Tovar ressaltou que há
um contrato com as regras que devem ser seguidas pelos dois países.
Assinado em 1973, o
Tratado de Itaipu estabelece que cada país tem direito a metade da energia
gerada pela usina. Como usa apenas 5% do que teria direito, o Paraguai vende
grande parte para o Brasil.
O tratado não autoriza
que a energia destinada ao Brasil seja vendida a outros países. Para ajustar as
tarifas, recentemente houve um aumento nos preços.
O porta-voz do
Itamaraty acrescentou que não há estudos para novos ajustes no contrato. “Não
há conhecimento de que se pretenda fazer ajustes. Não há comunicação oficial
sobre a decisão do presidente Federico Franco”, disse ele.
“Essa é uma situação
que tem de ser gerida por ambas as partes”, lembrou o diplomata, ressaltando
que a parceria na administração de Itaipu se baseia em uma “relação
construtiva, produtiva, aberta e franca”.
O presidente paraguaio
disse ontem (8) que irá suspender a venda de energia excedente para o Brasil e
a Argentina.
A medida ocorre no
momento em que o Paraguai o está suspenso do Mercosul e da União de Nações
Sul-Americanas (Unasul). Isso ocorre em função do afastamento do ex-presidente
Fernando Lugo, um ato político considerado quebra das regras democráticas do
Mercosul.
Franco disse que
enviará até dezembro projeto de lei ao Congresso recomendando a suspensão
da venda de excedentes de energia para o Brasil. Uma vez enviado, o texto será
submetido à apreciação dos parlamentares e, depois, votado. Não há prazo para
os procedimentos.
Em abril de 2013,
haverá eleições presidenciais no Paraguai. A Constituição do país impede
que Franco seja candidato à reeleição.
O diretor-geral
brasileiro de Itaipu, Jorge Miguel Samek, reiterou que a empresa tem regras que
definem claramente as formas de compra de energia. Ele diz não haver
preocupação com a ideia de Federico Franco. Samek disse que teve um “encontro
muito positivo” com o presidente paraguaio, no último dia 3.
Construída e
administrada pelo Brasil e Paraguai, a Usina Hidrelétrica de Itaipu tem 14 mil
megawatts de potência instalada e atende a cerca de 19% da energia consumida no
Brasil e a 91% do consumo paraguaio.
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