O advogado Alberto
Toron, que defende o deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP) no julgamento do
mensalão, rebateu hoje (8) as quatro acusações contra seu cliente. O advogado
foi o primeiro a falar depois do intervalo da sessão desta quarta-feira, usando
o tempo limite de uma hora.
Segundo Toron, João
Paulo é uma figura “lateral” e sequer é visto como membro da quadrilha do
mensalão pelo Ministério Público. O parlamentar responde duas vezes pelo crime
de peculato (uso de bem público em proveito próprio em função do cargo) e uma
vez pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
João Paulo era
presidente da Câmara dos Deputados quando as denúncias do mensalão vieram à
tona, em 2005. Submetido a processo de cassação, foi mantido no cargo por cerca
de dois terços dos votos, em abril de 2006. O político se reelegeu em 2010, já
como réu no processo do mensalão.
Na primeira acusação
de peculato, o Ministério Público diz que o deputado usou a Câmara dos
Deputados para contratar a empresa Ideias, Fatos e Texto, do jornalista Luís
Costa Pinto, para fazer assessoria de comunicação particular. Segundo Toron, a
acusação foi desmentida pelas testemunhas, que atestaram que Costa Pinto
efetivamente trabalhava na Câmara.
O advogado ainda disse
que é normal o assessor institucional ficar mais “grudado” na figura do
presidente, relação que se repete em vários órgãos públicos. Disse ainda que o
jornalista já trabalhava na Câmara dos Deputados, na gestão de Aécio Neves, que
antecedeu João Paulo na Presidência da Casa.
Toron também rebateu a
acusação de que João Paulo recebeu R$ 50 mil para favorecer a empresa SMP&B
Comunicação, de Marcos Valério, em licitação disputada na Câmara. O advogado
disse que a licitação foi legal e que o dinheiro sacado pela mulher de João
Paulo foi disponibilizado pelo PT para pagar uma pesquisa eleitoral.
“Se [o dinheiro] fosse
de corrupção, mandaria a esposa receber? Marcos Valério esteve, no dia
anterior, na casa dele e, se fosse o caso, levaria o dinheiro em mãos e não
[faria a transação] pelo banco”, disse o advogado, alegando que a descrição do
suborno pelo Ministério Público foi uma “nítida criação mental”.
A segunda acusação de
peculato contra João Paulo diz que a SMP&B recebeu mais de R$ 1 milhão para
repassar serviços a outras empresas. De acordo com Toron, a subcontratação de
serviços era “prática geral” no meio publicitário, com legalidade confirmada
pela Polícia Federal e pelo Tribunal de Contas da União (TCU). O advogado disse
que a maior parte do valor do contrato – R$ 948 mil – foi usada para pagar a
veiculação de publicidade nas principais emissoras e jornais do país.
Toron desmentiu a
acusação de lavagem de dinheiro alegando que a origem ilícita era dissimulada
no próprio Banco Rural. O advogado afirmou que João Paulo pensava que estava
sacando verba legal do PT, autorizada pelo ex-tesoureiro do partido Delúbio
Soares. “O sacador não lavava nada [referência à lavagem de dinheiro]. Quem diz
é o Ministério Público, porque estava previamente lavado. Não tem como fazer a
‘lavagem da lavagem’”.
O advogado também
disse que a melhor forma de esconder o destino da propina seria usar um laranja
e, não, a própria mulher, para sacar a quantia. “Essa ideia de lavagem é
fantasmagórica”, resumiu.
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