A declaração do
presidente do Paraguai, Federico Franco, disse que seu país não continuará
“cedendo” energia ao Brasil nem à Argentina, não preocupa o diretor-geral
brasileiro da Usina Hidrelétrica de Itaipu, Jorge Miguel Samek. Segundo ele, a
usina tem regras que definem claramente as formas de compra de energia e o seu
funcionamento.
Em nota publicada no
portal da Presidência paraguaia, Franco diz que “a decisão do governo é clara.
Não continuará a ceder nossa energia”, para em seguida enfatizar: “Notem que eu
usei a palavra 'ceder', porque o que estamos fazendo é dar energia para o
Brasil e a Argentina. Não estamos vendendo mesmo", declarou o presidente
paraguaio ao defender o estabelecimento de “uma política de Estado” do país
sobre a questão.
De acordo com o
governo paraguaio, até dezembro será enviado ao Congresso do país um projeto de
lei que garantirá que a decisão não seja alterada por seus sucessores, de forma
a garantir a soberania e a convergência energética do Paraguai. “Vamos trazer
aquilo que é nosso, de Itaipu e Yacyretá, e criar postos de trabalho para
evitar migrações. A única alternativa será criar condições de segurança a fim
de industrializar o país”.
Samek disse à Agência
Brasil que não está “nada preocupado” com o caso. “Itaipu tem contrato e
tratado que estabelecem claramente formas de compra [de energia] e de
funcionamento [da usina]. Eles compram a energia necessária para o país e o que
não consome é comprado pelo Brasil”.
“Claro que se eles
consumirem mais haverá, obviamente, menos energia para o Brasil. Mas isso requer
instalação de novas indústrias e fatores que levem a um maior consumo. Isso
está muito bem consumado no contrato”, disse Samek.
O diretor de Itaipu
acrescentou que teve um encontro muito positivo com o presidente paraguaio na
semana passada. “Estive com o presidente Franco na última sexta-feira (3),
quando ele visitou as instalações da usina. Conversamos muito e ele acenou que
estava tudo normal”, declarou.
O diretor da usina não
quis comentar o teor da nota publicada pela Presidência paraguaia. “Não entro
em questões de política interna deles”.
A Usina Hidrelétrica
de Itaipu, construída e administrada conjuntamente pelo Brasil e Paraguai, tem
14 mil megawatts de potência instalada e atende a cerca de 19% da energia
consumida no Brasil e a 91% do consumo paraguaio. O Tratado de Itaipu, firmado
em 1973, estabelece que cada país tem direito a usar metade da energia gerada
pela usina. Como usa apenas 5% do que teria direito, o Paraguai vende o
restante ao Brasil.
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