Os
68.544 vereadores que serão (foram) eleitos no dia 7 de outubro por cerca de 140
milhões de eleitores em 5.568 municípios terão a tarefa de fiscalizar as
prefeituras municipais, além de criar e modificar leis restritas às cidades.
Cabe a eles verificar, por exemplo, como o dinheiro público é aplicado e criar
ou alterar o plano diretor de ocupação urbana de sua cidade.
Podem
se candidatar a vereador os maiores de 18 anos que tenham título de eleitor há
mais de um ano no município onde pretendem disputar o cargo e sejam filiados a
um partido político há mais de um ano das eleições.
Apesar
de estar definido em lei quem pode se candidatar qual é a missão dos eleitos,
especialistas afirmam que a função do vereador está desvirtuada por pelo menos
dois motivos. O primeiro está no fato de muitas prefeituras cooptarem os
vereadores por meio da distribuição de cargos na administração local e do uso
do dinheiro público. O segundo fator, relacionado e influenciado pelo primeiro,
é a falta de cultura política do eleitorado, que não acompanha o trabalho dos
vereadores depois de empossados.
“A
função das câmaras de Vereadores foi esvaziada. Os vereadores não cumprem seu
papel, não fiscalizam. Quem legisla, de fato, é o Poder Executivo. As
prefeituras não têm importância nenhuma para o eleitor”, critica Cláudio
Abramo, do site Transparência Brasil. “Os prefeitos 'compram' suas
bases por meio da distribuição de cargos”, lamenta.
O
cientista político Fábio Wanderley dos Reis, professor emérito da Universidade
Federal de Minas Gerais tende a concordar com Abramo. “Não tem nada que
aconteça de relevante [nas câmaras de Vereadores]. O poder foi posto de lado e
depois jogado fora”, disse Wanderley, ao comentar que vereadores “se ocupam
mais em mudar nome de rua” ou escolher pessoas para prestar homenagem em
sessões especiais.
O
advogado Walter Costa Porto, ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e
historiador especializado em eleições no Brasil, porém, tem visão mais positiva
dos vereadores e diz que eles participam da administração municipal. Costa
Porto reconhece, porém, que o sistema de votação proporcional dentro de
coligações partidárias cria uma disfunção grave. “O eleitor não sabe para onde
vai seu voto. Ninguém conhece as listas partidárias. Vota em um candidato a
vereador e elege outro.”
A
representação local – câmaras dos Vereadores – é o sistema de eleitoral mais
antigo do Brasil. Segundo Walter Costa Porto, a primeira eleição para os
“conselhos da câmara” ocorreu em 1.535 vilas no interior do que hoje é o estado
de São Paulo.
Para
ele, apesar da antiguidade, o sistema eleitoral, associado ao desinteresse e
desconhecimento dos eleitores, “faz da democracia no Brasil um simulacro
[imitação]”. O problema se agrava com a impunidade concedida pelos próprios
eleitores. “Falta educação cívica. Ninguém é punido pelo voto”, diz o advogado,
ao salientar que é comum os eleitores esquecerem para quem foi seu voto para
vereador, assim como para deputado estadual e deputado federal.
“O
grau de politização é muito baixo. Muitos eleitores votam por obrigação” e “há
uma crise de confiança no Legislativo”, afirma Carlos Eduardo Meirelles
Matheus, líder do Comitê de Opinião Pública da Associação Brasileira de
Empresas de Pesquisas (Abep) e ex-diretor do Instituto Gallup de Opinião
Pública.
Apesar
de crítico, Matheus ressalta que os vereadores exercem o mandato como
“intermediários” entre os eleitores e a prefeitura. “Nas cidades maiores, eles
trabalham pelos bairros e encaminham solicitações”. Ele diz que a proximidade
dá “um pouco mais de transparência” aos mandatos dos vereadores.
De
acordo com o site Transparência
Brasil, o custo de funcionamento do Poder Legislativo no Brasil (câmaras de
Vereadores, assembleias legislativas, Câmara dos Deputados e Senado Federal) é,
em média, R$ 115,27 por ano para cada um dos brasileiros que moram nas
capitais. O valor varia de cidade em cidade.
“A
Câmara de Vereadores mais cara por habitante é a de Palmas, capital do
Tocantins, que custa anualmente R$ 83,10 para cada morador da cidade. A mais
barata é a da capital paraense, Belém, com R$ 21,09 por ano”,
descreve o site, que também monitora as propostas e votações nas
duas maiores câmaras de Vereadores do país: São Paulo e Rio de Janeiro.
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