A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que estabelece o voto aberto como princípio geral
das decisões legislativas e acaba com o voto secreto
em processos de cassação de mandato parlamentar e no exame de vetos
presidenciais,
a ser incluída na pauta de votações no Plenário do Senado na quarta-feira da
semana que vem, segundo levantamento informal realizado pelo Correio do Brasil, será aprovada com ampla margem de
votos. A proposta já passou por cinco sessões de discussão o presidente da
Casa, senador José Sarney, atendeu aos pedidos de parlamentares como Pedro
Simon (PMDB-RS), Pedro Taques (PDT-MT) e seu primeiro signatário, senador Paulo
Paim (PT-RS), para a inclusão matéria para votação.
Uma
vez aprovada, praticamente esgotam-se quaisquer possibilidades de permanência
no cargo para o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO). A pressão popular e o
andamento das ações criminais que envolvem o parlamentar e o bicheiro Carlos
Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira,
têm sido um importante vetor para a tramitação urgente no processo que
estabelece o voto aberto para o julgamento dos parlamentares acusados de quebra
do decoro parlamentar.
A
PEC acrescenta artigo à Constituição para estabelecer o voto ostensivo como
princípio geral das votações do Congresso, da Câmara e do Senado. De acordo com
a proposta, passarão a ser abertas as votações para decidir sobre perda de
mandato de deputado ou senador por descumprimento de conduta prevista na
Constituição, quebra de decoro ou condenação criminal. Também serão escolhidos
por voto ostensivo, após argüição, governador de território e dirigentes do Banco
Central. A proposta também altera a Constituição para determinar que sejam
abertas as decisões, em sessão conjunta do Congresso, sobre veto presidencial.
Como
exceção, a proposta mantém o voto secreto na escolha de magistrados, ministros
do Tribunal de Contas da União e procurador-geral da República, além de
presidentes de agências estatais ligadas a serviços de inteligência e assuntos
estratégicos.
Mais transparência
Para
os autores da PEC, o fim do voto secreto do parlamentar atende a clamor popular
por maior transparência da atividade parlamentar, respondendo a apelo moral e
ético. Eles argumentam que a democracia brasileira exige a abolição da prática,
uma vez que o país não está mais sob regime autoritário, “quando se fazia
necessário ocultar o voto do parlamentar em face a represálias e para proteger
o exercício das funções parlamentares”.
A
defesa do voto aberto em processos de cassação, feita por vários senadores,
voltou ao centro das discussões no Congresso desde que foi iniciado processo
contra o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO).
Propostas
Também
com propósito de acabar com o voto secreto tramita no Senado a PEC de autoria
do ex-senador e atual governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabal (PMDB), que
recebeu parecer favorável da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania
(CCJ), mas ainda precisa passar por cinco sessões de discussão antes de ser
votada em primeiro turno no Plenário.
Uma
outra proposta prevê o voto aberto nos casos de perda de mandato do parlamentar
e rejeição de veto presidencial. Nos termos de substitutivo aprovado pela
Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), também devem ser abertas,
de acordo com o texto, as votações do Senado nas indicações de governador de
território; presidente e diretores do Banco Central; e chefes missão
diplomática de caráter permanente.
A
proposta tramita em conjunto com a PEC do senador Álvaro dias (PSDB-PR), que
recebeu parecer pela prejudicialidade. Em comum, as três PECs abrem o voto dos
parlamentares quando da cassação de deputado e senador, mas apresentam
variações quanto às exceções e à decisão sobre vetos.
Na Câmara
Na
Câmara dos Deputados, a PEC do ex-deputado Luiz Antonio Fleury, veda o voto
secreto nas deliberações do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados e do
Senado Federal e estende a vedação às Assembléias Legislativas dos Estados, à
Câmara Legislativa do Distrito Federal e às Câmaras Municipais. O texto aguarda
votação em segundo turno desde 2006 pela Câmara. Após a absolvição da deputada
Jaqueline Roriz (PMN-DF) em processo de cassação, em agosto deste ano, 13
deputados apresentaram requerimentos pedindo a inclusão da PEC na ordem do dia
para a votação em segundo turno. Para grande parte dos parlamentares que se
pronunciaram após a votação, a deputada foi absolvida por causa do voto
secreto.
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