O título, desculpem-me, é recorrente, mas, não encontrei outro mais adequado. Embora o carnaval tenha terminado há mais de quarenta dias, somente agora caiu a máscara do Senador Demóstenes Torres, ou, melhor, somente agora o Senador Demóstenes Torres tirou a máscara, pondo à mostra seu envolvimento com o bicheiro Carlinhos Cachoeira e a máfia caça-níqueis.
Confesso estar surpreso, tanto quanto deve estar surpreso até quem não era admirador daquele político. Bem articulado, sempre demonstrando situar-se do lado da ética e da moralidade pública, formava, com o Senador Álvaro Dias, aquilo que parecia ser o lado bom e positivo da oposição.
A surpresa torna-se ainda maior, como o foi, inclusive, para seus adversários políticos, levando-se em conta o histórico profissional do Senador Demóstenes Torres, como membro do Ministério Público, instituição que preza e prega a legalidade. Houve tempo em que o exemplo predileto de mau político era Paulo Maluf. Todavia, depois do mensalão do PT, no Governo Federal, do mensalão do DEM, no Governo do Distrito Federal, dos inúmeros mensalões municipais de diversas colorações e das sucessivas quedas de Ministros corruptos, patrocinados por vários partidos, Maluf perdeu a vez, ficando a indagação: será que há alguém que se salve ?!
Os políticos são verdadeiros atores, dignos de causar inveja aos melhores elencos das novelas das emissoras de televisão. Em Brasília existem dois enormes palcos: o da Câmara Federal, com centenas de figurantes, e o do Senado, com os atores de primeira linha. Os mais antigos passaram à categoria de diretores, como José Sarney, montando peças e distribuindo os papeis entre os mais novos.
Alguns políticos, quando indicados para atuar em outros palcos, como os ministeriais, não há quem os segure. Quem não se lembra da recente e magistral interpretação de Carlos Luppi, na peça "Trabalho escravo", de modo a merecer um "Roquete Pinto" ? Agora, com o acidente de Demóstenes Torres, sofrido nas coxias, o Senado acaba de perder um grande intérprete.
Difícil missão do advogado daquele Senador. Tão difícil, que muitos profissionais da área, como eu, ainda não entenderam o que o "nobre colega" pretende, ao alegar que as provas gravadas são nulas, porque seu cliente tem direito a foro privilegiado. Provavelmente, quis dizer que, tendo sido autorizada a escuta telefônica por um juiz que não é integrante do STF, foro privilegiado do Senador, então, as provas seriam nulas. Assim sendo, o certo é recomeçar. Um Ministro do STF autoriza as gravações, o Senador e o bicheiro voltam a se comunicar pelo telefone, obviamente desmentindo tudo que disseram anteriormente, e as provas passam a ter validade !
Demóstenes Torres está na iminência de ser expulso do seu partido, de ser processado pela Comissão de Ética do Senado e, eventualmente, de ter o seu mandato cassado, tornando-se inelegível. Ainda assim, pouco, muito pouco, para quem exerceu a arte teatral movido por uma enorme hipocrisia, com total desprezo aos seus eleitores e a quem espera um mínimo de decência de um Senador da República.
Qualquer pena será branda, porque se Demóstenes Torres, cassado, ou usando do seu talento, fizer uma "renúncia heróica", poderá voltar para Promotoria de Justiça de Goiás, lá seguindo na sua brilhante carreira teatral, interpretando, até sua aposentadoria, com todo empenho e seriedade, o único papel da obra "J`accuse", de Emile Zola.
Enquanto isso, nós, brasileiros, ficaremos na expectativa da próxima estréia do "Festival Permanente de Artes Cênicas de Brasília".
Por Romeu Prisco Fonte
Confesso estar surpreso, tanto quanto deve estar surpreso até quem não era admirador daquele político. Bem articulado, sempre demonstrando situar-se do lado da ética e da moralidade pública, formava, com o Senador Álvaro Dias, aquilo que parecia ser o lado bom e positivo da oposição.
A surpresa torna-se ainda maior, como o foi, inclusive, para seus adversários políticos, levando-se em conta o histórico profissional do Senador Demóstenes Torres, como membro do Ministério Público, instituição que preza e prega a legalidade. Houve tempo em que o exemplo predileto de mau político era Paulo Maluf. Todavia, depois do mensalão do PT, no Governo Federal, do mensalão do DEM, no Governo do Distrito Federal, dos inúmeros mensalões municipais de diversas colorações e das sucessivas quedas de Ministros corruptos, patrocinados por vários partidos, Maluf perdeu a vez, ficando a indagação: será que há alguém que se salve ?!
Os políticos são verdadeiros atores, dignos de causar inveja aos melhores elencos das novelas das emissoras de televisão. Em Brasília existem dois enormes palcos: o da Câmara Federal, com centenas de figurantes, e o do Senado, com os atores de primeira linha. Os mais antigos passaram à categoria de diretores, como José Sarney, montando peças e distribuindo os papeis entre os mais novos.
Alguns políticos, quando indicados para atuar em outros palcos, como os ministeriais, não há quem os segure. Quem não se lembra da recente e magistral interpretação de Carlos Luppi, na peça "Trabalho escravo", de modo a merecer um "Roquete Pinto" ? Agora, com o acidente de Demóstenes Torres, sofrido nas coxias, o Senado acaba de perder um grande intérprete.
Difícil missão do advogado daquele Senador. Tão difícil, que muitos profissionais da área, como eu, ainda não entenderam o que o "nobre colega" pretende, ao alegar que as provas gravadas são nulas, porque seu cliente tem direito a foro privilegiado. Provavelmente, quis dizer que, tendo sido autorizada a escuta telefônica por um juiz que não é integrante do STF, foro privilegiado do Senador, então, as provas seriam nulas. Assim sendo, o certo é recomeçar. Um Ministro do STF autoriza as gravações, o Senador e o bicheiro voltam a se comunicar pelo telefone, obviamente desmentindo tudo que disseram anteriormente, e as provas passam a ter validade !
Demóstenes Torres está na iminência de ser expulso do seu partido, de ser processado pela Comissão de Ética do Senado e, eventualmente, de ter o seu mandato cassado, tornando-se inelegível. Ainda assim, pouco, muito pouco, para quem exerceu a arte teatral movido por uma enorme hipocrisia, com total desprezo aos seus eleitores e a quem espera um mínimo de decência de um Senador da República.
Qualquer pena será branda, porque se Demóstenes Torres, cassado, ou usando do seu talento, fizer uma "renúncia heróica", poderá voltar para Promotoria de Justiça de Goiás, lá seguindo na sua brilhante carreira teatral, interpretando, até sua aposentadoria, com todo empenho e seriedade, o único papel da obra "J`accuse", de Emile Zola.
Enquanto isso, nós, brasileiros, ficaremos na expectativa da próxima estréia do "Festival Permanente de Artes Cênicas de Brasília".
Por Romeu Prisco Fonte
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