quarta-feira, 4 de abril de 2012

Passaram-se 48 anos desde o inicio da Ditadura e eles continuam os mesmos


Por Mário Augusto Jakobskind

Quarenta e oito anos depois do golpe civil militar que provocou o maior retrocesso político da história brasileira contemporânea, militares da reserva, que continuam a pensar como em abril de 64, comemoraram a data. Fazem isso todos os anos, porque não aprenderam as lições da história e que em vez de comemoorar deveriam pedir desculpas ao povo brasileiro pelas torturas e assassinatos cometidos naquele período.

Neste ano, como estavam sendo objeto de protestos, na porta do Clube Militar, de centenas de jovens, que nem nascidos eram em 64, pediram a proteção da PM, comandada pelo Governador Sergio Cabral. Os soldados do batalhão de choque utilizaram métodos violentos, com gases pimenta, cassetetes e chegaram a quebrar o braço de um dos manifestantes, Gustavo Santana, sociólogo, de 28 anos. Reprimiram com extrema violência uma manifestção pacífica.

Estes são os fatos, mas que a mídia de mercado reproduziu de forma a tentar mostrar aos seus leitores que as vítimas foram os militares. Devem ter agradecido ao Governador Cabral pela "eficiência" policial.

E tudo isso ocorreu porque os militares que tinham comando na época da ditadura, e muitos deles foram torturadores e até mataram opositores, temem a Comissão da Verdade, cujos sete integrantes estão para ser conhecidos nos próximos dias (*) .

E, pasmem, os militares da reserva, óleos queimados da história,  agora querem culpar os jovens em seus sites pregadores de ódio com linguagem da Guerera Fria acusando-os de agredir velhinhos.

No último fim de semana realizou-se em Porto Alegre, sob os auspícios da Comissão de Justica e Direitos Humanos, presidida pelo lutador social Jair Krischke, e com o apoio da Assembleia Legislativa gaúcha e Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, o V Encontro Encontro Latinoamericano Memória, Verdade e Justiça.

Importantes revelações foram feitas por defensores dos direitos humanos do Brasil, Argentina, Uruguai e Chile, que mereceriam divulgação mas foram totalmente ignoradas pela mídia de mercado gaúcha e nacional.  Esta mesma mídia que teve participação ativa no apoio ao golpe civil militar de 48 anos atrás e hoje tenta se apresentar como arauto da dermocracia.

No fundo, há o temor dos grupos, com culpa no cartório naquele período,  de aparecerem verdades incômodas para eles.

E um fato ficou claro no Encontro em Porto Alegre, o de que a continuar em vigor a impunidade de crimes imprescritíveis, inclusive os chamados crimes continuados, cujos corpos de vítimas nem apareceram, e os crimes portanto seguem, o Brasil corre o risco de se transformar em paraíso de torturadores de outros países, que poderão se sentir estimulados para escaparem aos rigores da lei em seus países e obterem refúgio numa terra de impunidade a torturadores.

Vale registrar também a presença em Porto Alegre do Deputado argentino Remo Carlotto, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Deputados, que prestou uma série de informações relevantes  sobre a nova lei de comunicação sanciolnada pela Presidenta Cristina Kirchner, depois de quase dois anos de discussão pela sociedade argentina. Uma lei que dá espaço em pé de igualdade ao setor comunitário, estatal, público e ainda o privado.

Carlotto também falou sobre a recente modificação do estatuto de propriedade da empresa responsável pelos papéis de imprensa no país. Ele lembrou que o Estado ditatorial argentino simpesmente prendeu, torturou e matou os antigos proprietários da empresa, entregue depois dissso ao grupo Clarin. E agora o Estado democrático faz justiça retirando o poder do grupo favorecido pela ditadura.

É importante lembrar de tais fatos, totamente ignorados pela mídia favorecida e seus pares pelo continente latinoamericano. Ignorar tal procedimento favorece a quem se faz de vítima, como o grupo Clarin, quando na verdade não o é. Muito ao contrário, tem culpa no cartório.
O Brasil neste momento está numa encruzilhada. Ou vai a fundo para o conhecimento da verdade, pela justiça e preservação da memória, ou então se transforma em terra onde vigorá a impunidade.

(*) Por decisão do Conselho Delberativo, o presidente da Associação Brasileira der Imprensa (ABI) enviou carta à Presidenta Dilma Rousseff sugerindo o advogado e ex-deputado Modesto da Silveira como um dos sete nomes de integrantes da Comissão da Verdade.

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