Com o novo comando, a Petrobras
manterá a sua política de não repassar a volatilidade do mercado internacional
de petróleo para os preços dos combustíveis no Brasil, algo que tem pesado no
desempenho da companhia e é criticado pelo mercado.
"Política de preços é de longo
prazo, é um mantra", declarou nesta segunda-feira a nova presidente da
Petrobras, Maria das Graças Foster, em sua primeira entrevista como comandante
da estatal.
Um petróleo Brent mais alto e a
manutenção de preços no Brasil foram, entre outros fatores, o que afetou o
desempenho da estatal no quarto trimestre de 2011.
"Não podemos passar a
volatilidade de preço de Brent e de câmbio para dentro do mercado porque nós
precisamos desse mercado saudável, estável, para que a gente possa ter esse
mercado ainda maior quando as nossas refinarias chegarem", justificou
Graça Foster, como a nova presidente gosta de ser chamada.
Mais cedo, no discurso da cerimônia
de posse que contou com a presença da presidente Dilma Rousseff, a executiva já
havia indicado que sua gestão seria de "continuidade".
Segundo Graça Foster, o repasse da
volatilidade de preços pode afetar o desenvolvimento do crescente mercado de
combustíveis no Brasil, que tem avançado acima do ritmo do Produto Interno
Bruto (PIB).
"Esse mercado grande precisa
ser sustentável, ele não pode ser o voo da galinha, é preciso que a economia
continue sustentável, o crescimento econômico sustentável, que o consumidor
continue comprando gasolina, continue tendo grande consumo de diesel,
porque nós estamos com quatro novas refinarias para acontecer...", disse
ela.
A política de preços também segue
determinação do governo, que busca evitar impactos inflacionários com eventuais
altas.
A presidente da Petrobras disse
ainda que, com um mercado crescente, a estatal poderá contabilizar na sua
"margem volume que antes pensávamos em colocar no exterior", com a
produção de combustíveis das futuras refinarias.
De acordo com Graça Foster, o
momento que vai ocorrer o aumento do preço "não está programado".
"Quem vende precisa de escala, e esse volume grande está vindo com o
crescimento da economia", comentou.
DIRETORIA
SEM MUDANÇAS
Graça Foster afirmou que não
pretende mais fazer modificações em sua equipe de diretores e presidentes de
subsidiárias da estatal, como BR Distribuidora e Transpetro.
"Não sou muito de mudar pessoas
(em cargos). Vai haver pouquíssimo movimento."
Ela disse que apenas os cargos de
gerência que ficaram vagos com a saída de José Formigli, que assume a Diretoria
de Exploração e Produção, e de José Alcides Santoro, que vai para a Diretoria
de Gás e Energia, deverão ser preenchidos, mas que não haverá mudanças no
primeiro escalão.
"Essa é a minha equipe."
INVESTIMENTOS
Questionada se vai trabalhar para
aumentar investimentos, ela afirmou que isso "não é o plano".
"Rever o plano é uma rotina na
companhia. O plano está sempre em revisão. Se perguntar se vai fazer mais
quatro plantas de fertilizantes, mais oito térmicas, não. O nosso plano, as
metas estão muito claras... quem tem um investimento de 224 bilhões de dólares
definiu seu caminho para cinco, para seis, para oito, para dez anos",
declarou.
Segundo ela, não há um prazo para
divulgar o Plano de Negócios 2012-2016.
EXPLORAÇÃO
E PRODUÇÃO
Ela afirmou que a sua prioridade
será aumentar a exploração e produção de petróleo, mas não quis anunciar metas
previamente. "Eu preciso de um tempo para definir uma meta de produção
para este ano", disse.
Em 2011, a estatal não conseguiu
cumprir, pelo segundo ano consecutivo, sua meta de produção, de 2,1 milhões de
barris diários. A média ficou em 2,022 milhões de barris/dia, volume 3,7 por
cento inferior ao estabelecido como alvo.
Uma produção de petróleo abaixo das
expectativas, juntamente à elevação dos custos com importação de derivados de
petróleo (gasolina, em especial), pressionou o lucro da Petrobras no ano
passado, decepcionando os investidores.
Em 2011, o lucro líquido da estatal
foi de 33,3 bilhões de reais, 5 por cento inferior ao lucro de 2010, de 35,2
bilhões de reais.
Ela declarou ainda que a questão de
segurança operacional é prioritária. E se porventura a estatal tiver de rever
prazos para cumprir as normas, ela não vê problemas de fazer isso.
"A minha perseguição de metas é
frágil quando comparada a questões de segurança, vida humana e prejuízo
ambiental", declarou a executiva.
A empresa tem sido pressionada por
investidores a cumprir metas de produção, o que não foi possível em 2011 em
parte porque enfrentou fiscalização mais rigorosa da Agência Nacional do
Petróleo (ANP) em suas plataformas.
ETANOL
Segundo Graças Foster, os
investimentos no setor de etanol continuarão sendo realizados. "O que nós
vamos fazer por razões econômicas é aumentar a participação em etanol, mas isso
não é em estalo de dedo, são dois, três, quatro, cinco anos para que alcancemos
a posição número um no mercado de etanol", disse, evitando dizer se o
crescimento seria por aquisições.
PDVSA
A executiva disse ainda que a
Petrobras vem trabalhando "pesadíssimo" na construção da refinaria
Abreu e Lima, em Pernambuco, e que se a estatal venezuelana PDVSA conseguir
resolver suas pendências de empréstimos com o Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES) poderá entrar na sociedade, com 40 por cento do
capital.
Segundo Graça Foster, além de Abreu
e Lima, outras três refinarias estão em construção pela estatal no país, com
previsão de produção de gasolina, diesel, nafta e querosene de aviação a partir
de 2013.
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