segunda-feira, 23 de maio de 2011

A PÁTRIA GRANDE

Postagem Dag Vulpi 23/05/2011

Obama, Osama, Jabor e o terrorismo de cada um 

Na  operação que culminou com sua morte, Osama bin Laden recebeu o codinome de Gerônimo, o último “índio terrorista” caçado há um século nos Estados Unidos. 
Sinal dos tempos: os “falcões” norte-americanos  defendem abertamente a tortura como método de interrogatório. E Jabor que se  esconde atrás de sua própria porralouquice para destilar conceitos fascitas, argumenta com frequência cada vez maior que, em casos  específicos (como o de bin  Laden), métodos “não completamente  legais” são justificáveis.
No mesmo passo, toda vez que os Estados Unidos desrespeitam os direitos humanos e a soberania de estados  independentes, a secretária de estado  Hillary Clinton  apressa-se em dizer que seu país está agindo em nome da Comunidade Internacional e dos Direitos Humanos.
Agora mesmo  três crianças, só porque eram netas de Muammar  Kadaf, foram, em nome dos direitos humanos,  esmagadas com a  displicência de que dá uma chinenelada em três baratas.
E não digam que estou  negligenciando o senso de proporção ao relacionar a morte destes três inocentes com o ato bárbaro do bin Laden que ceifou a vida de três mil inocentes no Word Trade Center.
Em todo caso, atos bárbaros são sempre atos bárbaros como por exemplo aqueles que provocaram a morte de trezentos mil inocentes  fulminados  por Harry Truman, enquanto dormiam,  em Hiroshima e Nagasaki.
E estes ainda são poucos diante dos quatro milhões de civis  vietnamitas exterminados por Lyndon Jonhson e  Richard Nixon. Aliás, como sabemos agora, Nixon pretendia lançar logo um bomba  de hidriogênio para  não sair derrotado daquele atoleiro. Foi dissuadido por Henry Kissinger.
De qualquer forma, sem distinguir alvos civis dos militrares, em  uma década, metodicamente, foram  despejadas sobre o Vietnã, além do napalm, mais bombas do que todas as lançadas durante a Segunda  Grande Guerra Mundial. 
Os corações e as mentes
E aqui cabe  um breve desvio de nosso raciocínio, com a promessa de que o retomaremos logo adiante:
Através  do controle da maioria dos instrumentos de comunicação de massa com prioridade para o cinema e as mídias nacionais submissas, os EUA conseguem manter um nível altíssimo de  penetração no coração e na mente do cidadão comum (Mundo afora) que sofre, assim, algo muito parecido com uma lavagem cerebral.
Este fenômeno, que  se aprofundou bastante após a derrotaca da União Soviética, faz com que gerações inteiras (tomemos o exemplo do Brasil) acreditem que  os americanos saíram-se vitoriosos da Guerra do Vietnã. Ou, pelo menos,  estas gerações “esqueceram” – apagaram da memória – que Tio San sofreu alí a maior sova militar de sua história.
Este, porém, ainda não é o ponto crucial. O que quero dizer é que desde os anos 80, gerações sobre gerações, foram sendo “convencidas” através de filmes ou séries de TV que, embora falsos do ponto de vista histórico e artisticamente precários, têm força suficente para incutir no coração e nas mentes (Mundo afora) um espécie de solidaridade emocional a heróis do tipo Rambo  ou do Comando Delta que, com nosso consentimento podem exterminar inimigos,  desrespeitando, sem nenhum escrúpulo, qualquer tipo de direitos humanos.
Paralelamente, todos se solidarizam  e sofrem com a morte ou sofrimento de um único americano, na mesma medida em que literalmente gozam  com as cenas brutais e sangretas de destruição coletiva do “inimigo” previamente demonizado.
E para que não digam que  teorizo, vamos a um fato concreto: no final dos anos 90, o governo brasileiro promoveu uma campanha contra a violência do trânsito. A frase síntese utilizada era: Nosso trânsito faz mais vítimas, em um ano, do que toda a Guerra do Vietnã.
Durante semanas esta frase foi repetida  pela mídia. Até Faustão e Willian Waak destacaran estes números, com ar de inteligência.
Ocorre que menos que 60 mil formam as baixa apenas de soldados americanos durante a guerra. Morreram 45 mil, para ser preciso. Ou seja,  passou-se em silêncio sobre  quatro milhões de vítimas civis vietnamias. Elas formam “apagadas” das mentes e dos corações. 
Uma destinação histórica.
E aqui cabe  resgatar um pouco da História. Veja, abaixo,  esta notícia publicada há dois anos nos principais jornais dos EUA:
“O governo americano está sendo processado pelo bisneto de Gerônimo (1829-1909), líder apache e símbolo da resistência à ocupação dos territórios indígenas dos Estados Unidos. Harlyn Geronimo suspeita que uma sociedade secreta tenha roubado os restos mortais de seu antepassado, em 1918. O herdeiro pede de volta os ossos e objetos funerários do bisavô, para enterrá-los perto do rio Gila, no Novo México, sua terra natal”.
Depois de lutar contra as tropas americanas e mexicanas durante três décadas, o guerreiro apache se rendeu e foi preso em 1886. Morreu de pneumonia aos 90 anos, em 1909, na prisão de Forte Sill, no Oklahoma, onde foi enterrado. Uma antiga lenda diz que a ossada foi retirada do local por membros da sociedade secreta Skull and Bones (Crânio e Ossos), nascida no fim do século XIX na Universidade Yale. Entre os acusados está Prescott Bush, avô do ex-presidente americano George W. Bush, este também um integrante da sociedade.
Pode ser ato falho ou pode ser sadismo, mas os autores da morte de  Osama bin Ladem  deram  o nome de  Geônimo ao  terroista caçado. “Gerônimo está morto”, foi a mensagem enviada a  Barack Obama, após a execução.
Depois disso, como todos puderam acompanhar pela imprensa, os agentes secretos vangloriaram-se do suceso da empreitada  revelando que ele só foi possível em razão dos métodos de tortura utilizados nos tempos de George W Bush. 
Índio bom é indio morto
O general Willian Tecumseh Sherman (1820-1891) é  cultuado até hoje  como  herói pelo americanos, sobretudo nos Estados do Norte.  Isto porque  seus métodos de “terra arrazada” como no “E o vento levou” foram decisivos para a vitória contra os  estados escravagitas do Sul, durante a Guerra de Secessão.
Mas ele é mencionado aqui porque notabilizou-se também por uma frase famosa: ”Índio bom é índio morto”. E ele não ficava só no enunciado, descia aos detalhes.  Suas palavras: “Quando  digo que eles devem ser exterminados, não me refiro  apenas aos homens guerreiros, mas a todos,  incluive velhos, mulheres e crianças”.
E  muitos oficiais do Exército americano  seguiram à risca esta norma, atacando as aldeias à noite para arrazar tudo. Quem mais se destacou por estes métodos  foi o conhecido  tenente-coronel George Armstrong Custer (1839-1866) que morreu moço, mas levou a fama de ter sido o maior matador de índios de sua época.
Em suma: primeiro eles demonizam o inimigo para depois o exterminar sem nenhum escrúpulo com relação aos direitos humanos e  outros detalhes técnicos. E há duzentos anos, porque se consideram “o povo escolhido” (puritanismo) fazem isso em  nome da Civilização Ocidental e Cristã.

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