O ministro
Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou hoje (22) pedido feito
pelos advogados do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para que o
inquérito contra ele tramitasse em segredo de Justiça em função da
"indevida exposição" de investigados e de documentos. Na decisão,
Zavascki explicou que a publicidade dos atos processuais é um pressuposto
constitucional e que a situação de Cunha não se enquadra nas exceções previstas
por lei, entre elas, a defesa da intimidade ou o interesse social.
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“A hipótese
dos autos não se enquadra em qualquer das situações em que se imponha reserva à
cláusula de publicidade. A documentação que acompanha o pedido de abertura de
inquérito não decorreu de medida cautelar processada no Brasil, tendo sido
colhida e encaminhada pelas autoridades da Confederação Suíça sem regime de
sigilo”, destacou o ministro.
Na semana
passada, Zavascki abriu inquérito para investigar contas atribuídas a
Cunha na Suíça. O pedido de abertura do inquérito, feito pela
Procuradoria-Geral da República (PGR), foi baseado em informações prestadas
pelo Ministério Público suíço, que identificou quatro contas atribuídas ao
presidente da Câmara naquele país. Para a PGR, além de Cunha, a mulher dele,
Claudia Cruz, era uma das beneficiárias.
O Ministério
Público da Suíça enviou ao Brasil documentos que mostram a origem do dinheiro
encontrado nas contas atribuídas a Cunha. De acordo com os investigadores
da Operação Lava Jato, o dinheiro pode ser fruto do recebimento de propina em
contrato da Petrobras.
Na Câmara,
Cunha disse nesta quinta-feira que não tinha conhecimento da petição
protocalada por seus advogados no STF e afirmou que essa é uma tarefa de sua
defesa que, segundo ele, não o consulta a cada passo. “Eu não fiz pedido. Quem
faz são meus advogados. Eu nem tomo conhecimento das petições. Não ache que
meus advogados pedem autorização antes de fazer uma petição”, afirmou Cunha, ao
acrescentar que a defesa tem procuração para adotar todas as medidas judiciais
necessárias para sua defesa. O peemedebista reiterou ainda sua posição diante das
denúncias reveladas nas últimas semanas.
Sobre o
resultado da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, que aprovou
na madrugada de hoje o relatório final sem indiciar qualquer político
envolvido nas denúncias apuradas pela Lava Jato, Cunha disse que o colegiado
teve características “diferentes” por não ser protagonista das investigações.
Perguntado
sobre requerimento, apresentado pelo PSDB, para que fosse instaurado um
inquérito contra ele, Cunha mostrou indiferença em relação à medida e afirmou
que “não tem qualquer efeito” político.
“Não significa
nada. Para mim, não tinha nenhum efeito. Podia ter aprovado com a maior
tranquilidade. Se eu estivesse lá eu teria votado [de forma] favorável. Já tem
um inquérito instaurado.”
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